sábado, 5 de dezembro de 2009

LUZ E SOMBRA

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As suas palavras desenhavam fantásticos arco-íris, como se o fabuloso pote das moedas estivesse à distância de um gesto. O seu sorriso, enorme e credível, reforçava a impressão favorável, suscitando imediatos portos de abrigo em qualquer interlocutor. Mas, quando tinha que se haver com a dura e cruel realidade, o papel representado passava para segundo plano. E um diabinho inquietante, com tridentes de fogo, insinuava-se na imagem criada, provocando o toque a recolher na horda assustada.
Duas imagens antagónicas, inquietantes, à distância de um estalar de dedos.
A horda, avessa à reflexão, esconjurou-o de imediato, sem saber que se estava a afastar do mais fundo de si mesma.
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6 comentários:

  1. Já que falas em moedas...
    Em qualquer moeda (por mais que o pote se encha ou esvazie) há sempre a cara e a coroa. O desafio está em pegarmos em cada uma delas e adivinharmos qual das suas faces ficará voltada para cima, qual das duas trará "amores" ou dissabores...
    Belo texto que retrata duas formas de ser antagónicas, que, por si só, por vezes, se consomem pela força da sua existência, deixando marcas no tempo e no espaço difíceis de apagar.

    O lado doce e amargo da vida
    A verdade da inocência e da culpa
    O sorriso e a lágrima da partida
    No abuso da palavra "desculpa".

    Acredito que a impressão inicial que descreves tem de se valorizar e fazer notar para que o "diabinho inquietante" enfraqueça e desapareça!
    Também acredito que ficará sempre a dúvida da sua derrota definitiva... mas há que tentar!
    Na verdade... não são precisos sol e chuva para fazer nascer o arco-íris?
    A imagem representa a única face do teu texto...
    E ... o título?
    Esse, está perfeito :)

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  2. Já reli o texto uma série de vezes,mas penso que ainda não lhe encontrei o sentido,apesar de já ter lido o comentário do(a)JB.
    A mensagem parece-me muito densa, a exigir uma boa noite se sono, para voltar amanhã, tentando enconytrar um possível fio á meada.
    Eu gosto destes textos fortes e metafóricos.
    Vou dormir porque estou desde as oito da manhã a corrigir testes.
    Durma bem.

    IBEL

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  3. Lá estás tu com charadas!
    Já li isto várias vezes mas ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Será que tem a ver com a ténue linha da normalidade?

    Um abraço

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  4. Pois é...
    São seis e trinta da manhã e eu com insónias desde as cinco.Um banho tomado,cabelo para secar e uma visita às interioridades,na busca de um sentido plausível para o labirinto da luz/sombra.
    Na realidade, só o Agostinho é o possuidor do verdadeiro sentido do discurso poético, pois este é um dos tais textos plurissignificativos, devido à força da metáfora.
    O que me parece inequívoco é que a dicotomia remete para uma dupla faceta de personalidade que ora cativa ora retrai e amedronta.Mas esta é uma das leituras possíveis, porque fiz muitas outras, mas o que lhe digo é que o texto é curto, mas de uma densidade semântica espantosa.

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  5. Ibel, obrigado por acompanhar o que vou escrevendo. Não lhe vou dizer o sentido que coloquei no texto, por uma razão muito simples: é que ele, e outros do género, são apenas uma porta de entrada para um escrevinhar mais amplo, mais alargado, de que me ocuparei mais tarde, espero eu. Daí a razão de os colocar com a etiqueta de "bloco de notas".
    Quanto à densidade semântica, referida por si, entendo que quanto maior ela for, mais possibilidades se abrem num futuro trabalho.
    Espero que volte sempre, a sua opinião é muito significativa para mim.

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  6. Quem não tem um lado solar e um lado sombrio na sua alma?
    Quem não reflectir e compreender esta dicotomia, esta presença e este conviver constantes, com o bom e o mau, que existe em si mesmo e nos outros, e "esconjurá-los" sin pietá... afasta-se ou renega a sua própria natureza e existência.

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