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Ligava a corrente
Ali mesmo à mão
E na investida
Por demais facilitada
Surgia o convite
Para viajar sem limite
Nas tentadoras rotas
Da grande evasão.
Navegava sem regra
Em sustentável leveza
Pleno de certeza
Enquanto teclava
Sedento do contacto
Premente e urgente
No alcançar do reino
De Pigmalião.
Lobrigava paisagens
Recebia mensagens
E em todo o percurso
Sem longe nem perto
Não havia deserto
Que contrariasse
A tremenda vontade
Da sua ilusão
(Parecia real).
E quanto mais via
Mais insistia
Na receita usada
Sempre alicerçada
No teclar infernal.
Só quando acordava
Com a profunda amarra
Do cordão umbilical
Eterno refém
Dum contexto banal
Percebia a ilusão
De tudo ter à mão
Na armadilha
Do mundo virtual
Longe da recompensa
Sofrida e suada
Da lição de vida
Por muitos temida
(E por poucos tentada)
Do sortilégio
Da paisagem real.
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Poema difícil, mas intenso.Muitas interpretações,muitos caminhos,por isso mais apetecível.A leitura que me parece mais plausível é a que se centra no acto da escrita e no encontro entre a palavra e o escritor em busca da perfeição e da realização.
ResponderEliminarSerá, Agostinho?
Claro que o seu olho clínico tinha que funcionar... :)
ResponderEliminarHá, realmente, muitas possíveis interpretações, mas passa por aí, Ibel!
Abraço
Muito bom!
ResponderEliminarNão sei se apanhei tudo, pois as tuas palavras dão comigo em doido, mas parece-me que apanhei o fundamental.
Mas digo-te uma coisa, com a crise que por aí vai não me admira nada que as pessoas se agarrem a outras realidades. O pior é a ressaca.
Um abraço, amigo.
Olá, Jorge!
ResponderEliminarCada um interpreta ou lê como quer, não há uma interpretação oficial do poema.
Cuida-te!
Um abraço também para ti.
Agostinho,
ResponderEliminarPara dizer a verdade, sempre que leio os teus textos, sinto uma enorme satisfação em ligar a corrente e começar a teclar! :)
Assim sendo, o "VIRTULALIDADES", apresenta-se como uma plataforma poética, riquíssima na sua semântica, onde se pode navegar sem limites com hiperligações que vão daqui ao reino de Pigmalião! :)
A negrito sobressai a ideia de existir uma necessidade "viciante" e (in)cansável na procura de um ideal (seja em Pigmalião, na busca da mulher ideal, no poeta,na busca das palavras certas... ou em cada um de nós, na busca de uma realização pessoal..., de acordo com as suas expectativas).
No mito, o pedido do escultor é concretizado...(sorte a dele :)). E na "paisagem real" dos nossos dias?... Impõe-se a "armadilha", o ficar amarrado à ilusão e refém de um ideal meramente virtual. No desejo de conhecer essa virtualidade, caberá o sentir de uma vida real?
Agora, desligo a corrente e fico a pensar... que teria feito se não estivesse a "computar"?
Gostei muito da "lição de vida" que conseguiste passar no teu poema!
Caro Agostinho!
ResponderEliminarConfesso que desconhecia a tua faceta de poeta, com muita sabedoria. Desejo que continues a deliciar-me com as tuas ideias e ideiais, dos quais comungo.
Força amigo. Espero, em breve, que os teus poemas saltem do blogue para o papel que, em meu entender, ainda é a forma mais abrangente da delicia da leitura.
Um abraço amigo
Caldeira
JB,
ResponderEliminarAprecio sempre os teus comentários, reveladores de verdadeiras viagens proporcionadas por aquilo que lês, e sempre temperados de grande sensibilidade. Ainda bem que assim é, fico contente com isso.
Zé Caldeira,
Obrigado pelas tuas palavras, é bom ver-te por aqui.
Quanto ao livro, é uma ideia bonita, mas...
Um abraço