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Vivia-se o bulício da hora do recreio. No espaço situado junto ao portão da entrada, como era hábito, um animado grupo, aproveitando a configuração favorável do terreno, saltava à corda. Como o número de candidatos era considerável, foi necessário formar uma fila onde a pequenada, impaciente, aguardava a sua vez.
O Licínio é que não estava para isso. Como quem não quer a coisa, chegou-se à frente e empurrou o cabeça de fila, aprestando-se para entrar em acção. Remediado o problema, o prevaricador ficou de castigo encostado ao muro a ver saltar os outros.
Entretanto desloquei-me para as traseiras da escola, onde se praticava outro género de brincadeiras. Fiquei por ali uns minutos, a observar o descarregar de energias. De repente sinto um toque subtil nas costas. Viro-me e...
- Já posso sair do meu lugar?
Era o Licínio, com ar muito compenetrado. Deslocara-se do lado oposto do recinto do recreio para saber se já podia sair do lugar. Não consegui evitar um sorriso, mas não lhe dei muito troco. O recreio continuou, mas sentia-o por perto, a querer aproximar-se. Às tantas, numa situação qualquer de faz-de-conta, levantei um dos petizes no ar, perante a algazarra dos restantes. E continuei a andar. É então que intervém o Licínio, dirigindo-se aos colegas com o ar mais natural do mundo:
- O senhor professor até pode com uma vaca às costas!
.O Licínio é que não estava para isso. Como quem não quer a coisa, chegou-se à frente e empurrou o cabeça de fila, aprestando-se para entrar em acção. Remediado o problema, o prevaricador ficou de castigo encostado ao muro a ver saltar os outros.
Entretanto desloquei-me para as traseiras da escola, onde se praticava outro género de brincadeiras. Fiquei por ali uns minutos, a observar o descarregar de energias. De repente sinto um toque subtil nas costas. Viro-me e...
- Já posso sair do meu lugar?
Era o Licínio, com ar muito compenetrado. Deslocara-se do lado oposto do recinto do recreio para saber se já podia sair do lugar. Não consegui evitar um sorriso, mas não lhe dei muito troco. O recreio continuou, mas sentia-o por perto, a querer aproximar-se. Às tantas, numa situação qualquer de faz-de-conta, levantei um dos petizes no ar, perante a algazarra dos restantes. E continuei a andar. É então que intervém o Licínio, dirigindo-se aos colegas com o ar mais natural do mundo:
- O senhor professor até pode com uma vaca às costas!
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Esse Licínio já sabe mesmo muito!!!!
ResponderEliminarVejo que narrador e autor são a mesma pessoa.Nâo estou engada, suponho.
Abraço, Agostinho. Gostei que tivesse regressado.Eu ainda ando sem fôlego.
Bem aparecido sejas, amigo!
ResponderEliminarGostei da história do Licínio e da forma como humanizas a escola. O miúdo parece-me um malandro bom, daqueles que nos faz sorrir com as suas malandrices.
Um abraço
Ibel,
ResponderEliminarA observação do Licínio nada tem de segundas intenções. Para ele uma vaca é mesmo uma vaca, e apenas queria impressionar os colegas com as "capacidades" do professor. É um malndreco, mas é um bom menino.
Abraço.
Agostinho
ResponderEliminarClaro que entendi que o Licínio é malandreco mas bom menino.A graça dos jovens reside nisso mesmo.
Regressei...
Um outro abraço.
Ibel,
ResponderEliminarJá espreitei o Frutos e fico contente que tenha regressado. Bem-vinda!
Jorge,
ResponderEliminarOs recreios fazem parte do equilíbrio da escola. Neles reflecte-se muito daquilo que são os alunos, sendo um autêntico manancial de histórias.
Um abraço.
Meu caro Agostinho!
ResponderEliminarGosto de ver como estás atento a um dos mais importantes espaços pedagógicos da Escola (como deveria ser).
Durante muitos anos os tempos de recreio serviram para que os professores pusessem a conversa em dia e isso traduziu-se numa ideia redutora da verdadeira Escola de vida.
Em todas as Escolas há alguns Licínios e alguns Agostinhos (destes menos).
Tenho para mim que é nestes momentos de lazer que conhecemos as nossas crianças, da mesma forma que é nos convívios que validamos, ou não, o que pensamos sobre os outros convivas. Em todas as circunstâncias há Licínios e Agostinhos, mas é preciso que se responsabilizem os primeiros para que se tornem Homens de bem e se incentivem os segundos a porfiar na dura tarefa de ensinar educando.
Abraço
Caldeira
Caldeira,
ResponderEliminarA escola de hoje está muito espartilhada, com muita gente a ser "engolida" por uma enorme teia burocrática. Mas os Licínios estão lá, carecem da nossa presença e não nos podemos demitir da nossa função.
Abraço.
Gostei muito deste seu recorte. O Licínio parece-me um menino muito engraçado...
ResponderEliminarE.A
Como sempre, aprendemos (pelo menos os que querem) com os seus textos e com os comentários que lhe são feitos.É por isso que lhe agradeço que continue, mesmo que, cansado fisica e psicologicamente, neste bolg. Vamos ter saudades, da visita diaria á escola, mas prometo, (pelo menos) em meu nome e das minhas "crias" , visitar o blog e chateá -lo, comentando.
ResponderEliminarE.A.,
ResponderEliminarHoje o Licínio andava de óculos azuis escuros no intervalo.
-Gosta? - abordou-me ele.
No fundo o Licínio e todos os licínios apenas procuram um gesto de atenção, de carinho...
Ana,
Espero que nunca deixe de visitar o blogue. Já sabe, conto consigo.