.
.
. .
.
.
. .
.
Os ventos mudaram de feição.
No barco à deriva
Sem norte
Entregue à sua sorte
O rugido do medo
Prenunciador do degredo
Alastra no porão
E a multidão desvairada
Sem rumo nem balaustrada
Em impulso animal
Clama por circo e pão.
Bem tenta o capitão
Em ritmada melopeia
Vender os encantos
Do canto da sereia!
Na sombra sente-se a fera
E a hora é de aflição.
.
Já não se sente a frescura das manhãs
Os ventos mudaram de feição.
..
Pois é, amigo, o mundo está a mudar e não se sabe o que aí vem. Já alguém escreveu neste blogue que é nos momentos de crise que se vê a grandeza das pessoas. A ver vamos. Tal como tu dizes, já não se sente a frescura das manhãs.
ResponderEliminarAbraço
A situação caótica do país descrita com mestria admirável. Temos de contar uns com os outros e com palavras que nos libertem dos grilhões do medo. Parabéns , Agostinho. 20 Valores.
ResponderEliminarAgostinho, desta vez esticaste-te. Foste politicamente incorrecto. Mergulhaste no mais profundo do (in)consciente colectivo e trouxeste para a tona a mediocridade do capitão, que só sabe navegar à bolina e, não tem coragem de calvalgar as ondas, alterosas, que afastam o navio dos recifes e o podem conduzir a Porto Seguro. Mas arrancaste as pérolas preciosas que fazem dos Homens algo mais do que "bestas de carga" de que nos fala António Sérgio. Apelas à inteligência e ao dever colectivo de ser Cidadão - no sentido Helénico e Espartano - da Antiguidade Clássica.
ResponderEliminarO tempo do Pão e Circo já lá vai, há mais de meio século e, apesar de haver ainda muita gente que não tem memória e,consequentemente, não tem História, já sente necessidade de algo mais do que é básico. Sente as necessidades preconizadas por Maslow, que vão sendo cada vez mais exigentes à medida que se conquistam as da base da pirâmide e se procuram alcançar as que se posicionam no seu vértice.
Os ventos de feição só são indispensáveis para os capitães de terra porque os outros, os marítimos, sabem contornar a direcção do vento para ir mais longe e mais além. E estes sabem como manobrar a Vela e levar consigo a tripulação que não esmorece, porque tem a consciência de que é necessário enfrentar a braveza do Mar.
Nós temos, todos, que fazer o que está ao alcance de cada um, para que se volte a sentir "a frescura das manhãs" e para isso temos de contribuir para a mudança. Ainda ontem ouvi um dirigente Partidário dizer que outros dois dirigentes polílitos "são farinha do mesmo saco". Sempre fui adverso a generalizações e por isso não comungo dessa ideia. Tenho consciência que a nossa classe dirigente é, em regra, gente menor, mas quero acreditar que ainda há pessoas honestas, Inteligentes, Capazes, neste País, que não têm medo de navegar em águas profundas e levar o barco a bom porto.
Sem medo, como tu fizeste, é preciso que cada um de nós faça algo e assuma a obrigação de que o "Zeca" nos cantava "traz um amigo também". Assim, gota a gota, faremos o rio que aumentará de caudal a cada metro que percorre.
Abraço.
Caldeira
Jorge,
ResponderEliminarNão recusar olhar para o que nos rodeia é o primeiro passo para darmos o nosso contributo.
Um abraço.
Ibel,
ResponderEliminarÉ uma grande verdade o que disse: "Temos de contar uns com os outros e com palavras que nos libertem dos grilhões do medo".
Abraço.
Caldeira,
ResponderEliminarOs teus comentários são sempre um enorme contributo para o debate neste blogue. São lúcidos, pertinentes, incisivos, próprios de quem não quer perder a frescura das manhãs.
Um abraço.
Gostaria de enviar um abraço ao Zé. Excelente comentário.
ResponderEliminarObrigado Agostinho e Ibel que (julgo não ter o prazer de conhecer pessoalmente), pela vossa simpatia e análise dos meus comentários.
ResponderEliminarAbraço aos dois.
Caldeira
Agradeço a visita ao lidacoelho e assim também pude visitar-te.
ResponderEliminarGostei da tua poesia. Um estilo próprio com palavras certas.
Vou seguir este espaço
Direitinho,
ResponderEliminarBem-vindo a este espaço.
Obrigado pela visita.
Mesmo sem carta de marinheiro :)todos nós temos/somos “tripulação” p´ra levar a bom porto. A escolha (que felizmente podemos fazer) será a de nos aliarmos ou a de enfrentarmos os ventos que nos desafiam nesta ventura (humana e colectiva), ventura de uma “nação valente, imortal”. Refugiarmo-nos no camarote esperando que a calmaria regresse é uma gota sim mas num oceano condenado pelos que apenas querem navegar ao sabor das ondas. Estes submergirão (levando outros, certamente…) pois, há quem acredite que até “as sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio”.
ResponderEliminarCom a frescura poética com que navegamos no Interioridades, o teu “barco” leva-nos sempre a bom porto e, pelos comentários, vale a pena acreditar que “Os ventos mudarão de feição”, vale a pena traçar novos rumos e clamar “Esperança à vista!!!”.
JB,
ResponderEliminarSê bem aparecida!
Na verdade a crise não é local, é global. A humanidade chegou a uma encruzilhada tremenda, com desafios ciclópicos, de que destaco a crise económica e a ruptura ambiental. O que melhor caracteriza o momento que atravessamos é o impasse, com os políticos a seguir um rumo que é mais um "não rumo".
As coisas hão-de melhorar, mas o nosso estilo de vida vai mudar bastante. Tenhamos esperança.
Um poema intenso, forte, sem papas na língua. Óptimo!
ResponderEliminarMuito obrigada pela visista e comentário a um dos meus blogs - Histórias de Encantar - um blog onde APENAS conto histórias e lendas.
Gostei muito do teu blog. Vou fazer-me seguidora para não te perder o rumo.
E já agora que estou aqui :) aproveito para informar que amanhã há post novo no OLHAI OS LÍRIOS DO MACUÁ
Se gostas de poesia, aparece, e poderás ouvir João Villaret.
Beijinhos
Mariazita,
ResponderEliminarObrigado pela visita.
Fica então já o encontro marcado para o OLHAI OS LÍRIOS...
Por vezes assusta-me a mudança dos ventos...
ResponderEliminarBjs
Lilá(s),
ResponderEliminarQuem me dera que a vida fosse uma brisa suave, apaziguadora, símbolo dum mundo em equilíbrio! Mas se ansiamos isso não podemos ignorar o que nos rodeia, seja bom ou mau. Creio que é assim que nos construímos.
Bjs
Nas entrelinhas do que nos é dado saber pelo capitão, preparam-nos, subliminarmente, para mudanças em que quem se lixa é o mexilhão de sempre...
ResponderEliminar..e que quero, cada vez +, dias claros!
Todos nós queremos dias claros, Em@! Temperados com dignidade, liberdade, harmonia...
ResponderEliminarNós, Portugueses, estamos habituados a todo o tipo de ventos, navegar é uma das nossas especialidades...
ResponderEliminarHavemos de encontrar o rumo!
Não quero, não posso perder a esperança, já perdi muita coisa...
Agradeço a visita!
Abraço
Rosa dos Ventos,
ResponderEliminarTem razão, não se pode perder a esperança.
Abraço.
cada vez mais dificil e complicada a sua escrita mas quem estiver por dentro saberá entender a revolta dos que lutam por um futuro melhor...:)
ResponderEliminarQuando os ventos mudam de feição , por vezes , nem o canto da sereia nos aquieta .
ResponderEliminarDiz- se , que depois da tempestada vem a bonança . Esperar para ver , mas sem braços caídos , e com a esperança na mão .
Obrigada pela sua visita e palavras .
Maria
Ana,
ResponderEliminarO mundo só será melhor se as pessoas souberem pugnar pela dignidade da sua vida.
Lilazdavioleta,
ResponderEliminarAs suas palavras revelam bom senso.
Seja bem-vinda a este espaço.
ORA,ORA...NAVEGAMOS TODOS ...OU QUASE TODOS...OU UNS TANTOS...NUM BARCO À DERIVA...ANDA POR LÁ O GIGANTE ADAMASTOR...NUM RUGIDO DE FERA E PÊLOS DE ANIMAL...QUE OUTROS VENTOS NOS ARRASTEM PARA LÁ...PARA LONGE DESTA ABERRAÇÃO...
ResponderEliminarO TEU POEMA É BEM ILUSTRATIVO DO ACTUAL QUADRO POLÍTICO.
Pedrasnuas,
ResponderEliminarTenho para mim que se não formos nós a soprar, ninguém nos levará para longe do pesadelo.
Se nos deixarmos ao sabor do vento, afundaremos num redemoinho, quando parece não haver saída devemos amotinarmos e tomar novo rumo.
ResponderEliminarBelo poema.