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As nuvens negras pairam no ar, convidando a reflexões sombrias de ave agoirenta. Insinuam-se cenários desoladores, naufrágios, pilhagens...
Contudo, para quem estiver atento, a capacidade da vida nos surpreender é infindável. Às vezes basta um gesto, um olhar diferente, uma atitude de quem nos rodeia. Noutras é a alma de certos lugares que nos bate à porta, inundando-nos de estranhas sensações, como se quisesse despertar em nós linguagens há muito esquecidas na memória dos homens. E ficamos ali, numa tentativa de comunicar com algo, rebuscando no mais profundo do nosso interior.
Há tempos passei pela aldeia histórica de Monsanto, numa revisita sempre propiciadora de novos tons e sensações. Calcorreei as calçadas, subi ao castelo, perdi-me na imensidão da paisagem. Às tantas, já com o sol a esconder-se para lá da longínqua Gardunha, as pedras pareceram começar a ganhar vida. Sentia-se, a pouco e pouco, algo a libertar-se no ar, dando vida e sentido àquela nave de pedra, testemunha milenar de múltiplas formas de olhar e respirar. Aquela estranha energia invade-nos, possui-nos e, por momentos, tudo parece fazer sentido...
A viagem de regresso é feita com o que ainda resta da sensação, que se vai esbatendo na distância. Mas há algo que fica, que nos resgata, que nos impele ao regresso, à procura daquela sensação vislumbrada ao pôr-do-sol, numa espécie de fronteira em que se parece sentir, por momentos, o sentido da palavra primitiva.
.Contudo, para quem estiver atento, a capacidade da vida nos surpreender é infindável. Às vezes basta um gesto, um olhar diferente, uma atitude de quem nos rodeia. Noutras é a alma de certos lugares que nos bate à porta, inundando-nos de estranhas sensações, como se quisesse despertar em nós linguagens há muito esquecidas na memória dos homens. E ficamos ali, numa tentativa de comunicar com algo, rebuscando no mais profundo do nosso interior.
Há tempos passei pela aldeia histórica de Monsanto, numa revisita sempre propiciadora de novos tons e sensações. Calcorreei as calçadas, subi ao castelo, perdi-me na imensidão da paisagem. Às tantas, já com o sol a esconder-se para lá da longínqua Gardunha, as pedras pareceram começar a ganhar vida. Sentia-se, a pouco e pouco, algo a libertar-se no ar, dando vida e sentido àquela nave de pedra, testemunha milenar de múltiplas formas de olhar e respirar. Aquela estranha energia invade-nos, possui-nos e, por momentos, tudo parece fazer sentido...
A viagem de regresso é feita com o que ainda resta da sensação, que se vai esbatendo na distância. Mas há algo que fica, que nos resgata, que nos impele ao regresso, à procura daquela sensação vislumbrada ao pôr-do-sol, numa espécie de fronteira em que se parece sentir, por momentos, o sentido da palavra primitiva.
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"Mas há algo que fica, que nos resgata, que nos impele ao regresso, à procura daquela sensação vislumbrada ao pôr-do-sol, numa espécie de fronteira em que se parece sentir, por momentos, o sentido da palavra primitiva".
ResponderEliminarSei como é... Como nos inebria e nos afaga cada um desses preciosos momentos.
L. B.
AC:
ResponderEliminargostei muito do texto e senti, perfeitamente,o sentido do mesmo.
há 3 terras no continente que exercem sobre mim um apelo estranho:
-Óbidos que visito anualmente, às vezes + do que uma vez;
- Monsaraz;
e
-Monsanto;
não sei explicar as razões e também não interessam para nada...
abraço
se quiser utilizar a minha pintura, será uma honra partilhá-la,
Gostei muito de visitar Monsanto.
ResponderEliminarEra um dia de muita chuva e numa corrida fugimos para dento do autocarro.
Não tive oportunidade de saborear essas sensações de mistério que cai com o anoitecer.
Sem elogios fáceis, a sua prosa poética consegue fazer-me esquecer o turbilhão dos dias( e como têm sido muitos!!! e respirar esses ares purificadores.
ResponderEliminarTenho família em Monsanto que não conheço, mas a minha mãe falava com saudades desse espaço. Tenho pena de nunca lhe ter perguntado pormenores, mas ela evitava falar dos tempos de menina, tavez para não sofrer.
Deixe-me realçar este final"Mas há algo que fica, que nos resgata, que nos impele ao regresso, à procura daquela sensação vislumbrada ao pôr-do-sol, numa espécie de fronteira em que se parece sentir, por momentos, o sentido da palavra primitiva.
O retorno às origens e ao princípio de algo imaculado deixa sempre branco o espírito .
Não conheço Monsanto, mas também a mim já me foi dado sentir... Há lugares tocados de encanto. Há intervalos de perfeição. E tudo isto a alma guarda.
ResponderEliminarUm dia destes talvez vá até Monsanto. Pode ser que também sinta, ao pôr-do-sol, "...estranhas sensações, como se quisesse despertar em nós linguagens há muito esquecidas na memória dos homens."
ResponderEliminarGosto sempre de te ler.
Abraço
Há locais que são mágicos .
ResponderEliminarPara mim , Monsanto é um deles .
E quando regresso a um local destes , é para confirmar que nós estamos mais velhos que o primitivo ali existente .
Gostei muito do seu texto .
Um beijo ,
Maria
Mon(te)Santo é isso mesmo. É transcendente. Eleva a alma para além da paisagem, das emoções, da razão. É um local a (re)visitar muitas vezes e, em cada vez, surgirá um nova sensação. Subir ao Castelo é prazeiroso. Descer às faldas Oeste é de uma tranquilidade e uma majestade impressionante, representada pela imponência do Monte e pela singeleza da Capela Medieval.
ResponderEliminarO granito nestas paragens tem outro misticismo que nos impele a desprendermo-nos do quotidiano, cinzento e triste, em que estamos mergulhados, como Povo e como Nação. Mas, ao mesmo tempo, esmaga-nos a relevância histórica do Local, quando comparamos as épocas - antiga e actual. Não mudaram as paisagens que são lindas, sempre foram deslumbrantes e continuam a ser impressivas. Mudaram as Pessoas. Alteraram-se os Valores Éticos e Morais de um Povo Milenar. Mas, dir-se-á: "é a evolução, o progresso". Mas será que precisamos desta evolução para sermos felizes?
E qual será o objectivo primeiro do Ser Humano, não pretende atingir, tão só, a Felicidade? Falo de conceitos impregnados de dialéctica analítica mas quero, apenas, centrar-me na simplicidade das palavras e no seu significante. Feliz, no sentido da paz interior. Do estar bem consigo e com os outros. Feliz, no amor ao próximo, na dedicação aos que de nós dependem ou necessitam. No amor aos mais débeis. Aos que tiverem (e muitos ainda têm) menos oportunidades que nós. Aos Diferentes na sua constituição Física ou Mental.
Precisamos de regressar aquele granito que nos mostra a nossa pequenez e nos impele a voar para latitudes mais aconchegantes, nem que seja o abraço de um amigo.
Abraço
Caldeira
É um dos locais a (re)visitar sempre!
ResponderEliminarDe uma estranha e grandiosa beleza que nos faz sentir pequenos entre aquelas pedras protectoras na seu aparente desequilíbrio...
Abraço
Há tanto tempo que lá não vou, que é um passeio a equacionar para breve... faz nos bem à alma e não só... tantos lugares e cantinhos lindos neste País e não os aproveitamos como deveríamos. Obrigada pela ideia.
ResponderEliminarJá fui a Monsanto mais do que uma vez mas, infelizmente, nenhuma ao entardecer :).
ResponderEliminarA próxima terá que ser a essa hora de encantamento.
Mas não é só Monsanto, há vários lugares que têm qualquer coisa de mágico, que nos transmitem sensações únicas.
Estou a lembrar-me de "A um deus desconhecido" de John Steinbeck, em que ele descreve tão bem essas sensações.
Gostei muito deste texto - apesar das nuvens pardacentas a anunciar tempestade :)
Na verdade leio-te com muito prazer.
Beijinhos
BELA A TUA VIAGEM...PORQUE DIVAGUEI CONTIGO.UM TEXTO MUITO BOM..GOSTEI MUITO DA DESCRIÇÃO...
ResponderEliminarABRAÇO
É um local que gosto imenso de visitar, e sempre o faço como se fosse a 1ª vez, faz-me sonhar, é uma sensação maravilhosa.
ResponderEliminarBjs
Monsanto é, realmente, um lugar único. Atraiu, ao longo dos tempos, todos os povos que por aqui andaram a cirandar, que aproveitaram a sua aura sagrada para a prática dos seus cultos. O legado dessa gente continua por ali, e quem estiver atento facilmente o descortinará. A designação de Mon(te)santo é, pois, bem merecida.
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