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Fim de tarde. A margem do rio, moldada desde sempre por partidas e chegadas, enverga coçado vestido, mas a luz, única, teima em conferir-lhe um toque de dignidade.
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Fim de tarde. A margem do rio, moldada desde sempre por partidas e chegadas, enverga coçado vestido, mas a luz, única, teima em conferir-lhe um toque de dignidade.
O movimento é forjado em pressas de pão, contas por pagar, mas também em olhares em contra mão, rabiscos poéticos alicerçados em mil e uma histórias que se confundem com o tempo. Os vendedores de miudezas e de ilusões apenas ajudam a compor a paisagem de pressas várias, pintalgada, aqui e ali, com as leves impressões digitais dos turistas.
Os golfinhos partiram há muito, mas as gaivotas, adaptadas a qualquer circunstância, teimam em descobrir o alimento que tende a tornar-se mito para outras espécies, mais imunes a viscosas realidades.
A canoa já não sulca, mas os saudosos continuam a pintá-la nas telas, desmentidos pelo vaivém dos cacilheiros. Os rostos, espelho da agrura diária, tendem a tornar-se mais contraídos. Só a noite, liberta do afã da sobrevivência, acode ao desespero apressado da margem. É então que as ninfas ressurgem, borboletas efémeras onde despertam, a prazo, os sonhos adormecidos.
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Minha alma lusa, meu coração celta e meu sangue mouro, reconhecem-se neste teu texto, desta Lisboa mulata... um dia acordaremos e os serão os que nós quisermos...
ResponderEliminar(hoje, excepcionalmente a pedido, gostaria da sua visita...)
ResponderEliminarNa efemeridade das coisas da vida, apenas a margem, a luz e a noite permanecem intocáveis... testemunhas do destino a cumprir-se.
Laura
Enquanto as ninfas ressurgiram do Tejo não nos perderemos das raízes.
ResponderEliminarBeijo meu
Moro bem á beira do Tejo mas, nunca tive o privilégio de me encontrar com as ninfas...
ResponderEliminarBjs
Apesar da melancolia das constatações no fundo de nossas almas sempre um resquício de esperança...nós brasileiros somos ssim desde sempre.
ResponderEliminarUm abraço
Mesmo que a prazo, mas que esses sonhos sejam acordados e realizados!
ResponderEliminarboa semana AC
beijinho e uma flor
Poeta ,
ResponderEliminarSua escrita vai tocando nos limites entre as coisas .
O lado de dentro é o externo . O lado externo é o de dentro .
Beijos e boa semana
Olá, AC!
ResponderEliminarÉ o retrato possível duma Lisboa de glórias há muito passadas: em que as gaivotas se adaptaram mais facilmente que as gentes que cruzam o rio onde já não navegam canoas - mas que nem por isso perdeu o encanto.
Abraço amigo
Vitor
... também gosto muito de o ler, AC... tenho pena de ter tão pouco tempo para as leituras...
ResponderEliminarO meu abraço!
Muito sensível sua descrição. Vai além do óbvio para atingir o mais profundo, enlaçando afetos e sonhos em uma declaração de amor à terra natal. Abraços.
ResponderEliminarAs ninfas continuam por lá, a nadar no Tejo, mas por vezes parece que nos agraciam cada vez menos...
ResponderEliminarEmbora neste texto e neste este blog, deixem sempre um pouco da sua presença inspiradora!
Boa semana, beijo
Pena que tudo esteja mudado no cenário.Mas foste brilhante, mais uma vez na escrita e inspiração. Tornas tudo lindo! beijos,chica
ResponderEliminaracordar os sonhos e niná-los em doce melodia,
ResponderEliminara
braço
As vezes acho que as ninfas moram dentro de nos...
ResponderEliminarMemórias vivas de um tempo
ResponderEliminarque se move
Excelente
Belo texto poético Agostinho. Real e ao mesmo tempo sonhador.
ResponderEliminarAbraço
Caldeira
A tela da memória, só é vívida para os que se encontram à margem. Os novos, nunca reconhecerão o quem nem ouvem mais.
ResponderEliminarAbraços poeta!
Belíssimo texto despertando memórias.Obrigada.Beijo
ResponderEliminarOlá, nobre amigo AC!
ResponderEliminarAlgures, há resquício da natureza pitoresco digno de tuas pulcras palavras e conotações. Que os alumbramentos doravante não sejam somente por meio de imagens representativas ou metafóricas.
Aqui nos regala com mais um texto impressionante.
Abraços do amigo de além-mar.
Meu amigo
ResponderEliminarComo sempre um texto maravilhoso e infelizmente muito verdadeiro na sua essência.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Foste falando do que já não é. Pintaste um lindo retrato do que já foi. E feito em traços lindos e poéticos e vivos...
ResponderEliminarBeijos, querido A.C.
Realidade adornada de lindas palavras...AC, grande abraço!
ResponderEliminarO movimento é forjado em pressas de pão, contas por pagar, mas também em olhares em contra mão, rabiscos poéticos alicerçados em mil e uma histórias que se confundem com o tempo.
ResponderEliminarEscrita com alma e poesia.
Lindo!
Belo texto em que não falta a força do sonho. Beijinhos
ResponderEliminarQue não nos falte força para embalar os sonhos !
ResponderEliminarBeijinhos
Um texto excelente muito bem acompanhado pelo som.
ResponderEliminarUm abraço e bom foim de semana
E o rio, continuará a sê-lo!
ResponderEliminarBelo texto.
Abraço meu
realidades cruas e um texto que me deixou comovida.
ResponderEliminare o rio continua a abraçar o mar.
um bom fim de semana.
um beijo
Quando a realidade machuca, dói ainda mais olhar para trás e ver o que foi perdido. O homem, no entanto, não perde a capacidade de sonhar e tudo pode alterar se se dispõe a fugir da inércia e começar a lutar. Bjs.
ResponderEliminarAmigo AC:
ResponderEliminarTudo prefeito, o texto e a melodia.
Saltei para dentro da tua magia.
beijinho
Fê
AC,
ResponderEliminarUm texto belíssimo e profundo que me levou até Lisboa, cidade que amo e venero com a luz, o cheiro do rio e as gaivotas inconfundíveis.
O som escolhido foi o casamento perfeito.
Parabéns!
Bj :)
Ainda bem que sempre a uma beleza no final, mesmo que seje por momentos, como a borboleta que aparece uma uma ninfa.
ResponderEliminarbeijos meu caro AC.
Muito belo, AC!
ResponderEliminarBom fim de semana :)
Beijo
Sónia
ResponderEliminarAs Tágides ainda permanecem no rio, AC. Ainda são elas que guardam o sol de Lisboa e o sono das gaivotas, para inspiração do poeta. Não há sonho que não se liberte, ante a beleza do seu canto.
Obrigada!
Um abraço
Partir e chegar...mais alguma coisa? acredito que não.
ResponderEliminarbjs e saudade tuas, estás bem esperamos.
as cozinheiras
Quem ainda consegue falar de termos tão poéticos, tem a capacidade de resgatar a capacidade de sonhar. Um abraço!
ResponderEliminarFicamos presos às margens dos rios, os nossos sonhos, esses, há muito foram levados por correntes de água tempestuosas.
ResponderEliminarSempre excelente.
Beijinhos
Maria
E não é que trouxeste Lisboa até aqui?! pelos cheiros, pela tarde, a canoa, o "fado"___ as ninfas libertam-se e eu também! E aquele homem da direita...lembra-me o 007 :)
ResponderEliminarA margem aqui tão perto....
Beijo de gaivota :)
Uma beleza a prosa poética que emana do texto. Uma aquarela que beira a perfeição tal a justeza das tintas, tal a justeza do ritmo que confere ao texto uma melodia de uma suavidade que seduz o leitor.
ResponderEliminarAbraços,
Agostinhamigo
ResponderEliminarBom, boníssimo
Mais um excelente trabalho. Gostei. Só a noite, liberta do afã da sobrevivência, acode ao desespero apressado da margem. É então que as ninfas ressurgem, borboletas efémeras onde despertam, a prazo, os sonhos adormecidos. é uma imagem de se lhe tirar o chapéu.
Abç
H
GOSTEI MUITO.
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