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Hélio Cunha, Terra Mãe
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Todos os anos, depois das colheitas, os moradores do vale viviam o mesmo cerimonial. Juntavam-se na praça, à sombra das amoreiras, e expunham preocupações e anseios. Depois, de braço no ar, elegiam o que, entre eles, julgavam mais sabedor, mais capaz, para os conduzir por mais quatro estações.
O eleito, ao raiar do dia seguinte, era conduzido para o cume dum pequeno morro, onde assentava, desde há muito, uma casa circular, toda em xisto, com sete pequenas portas, direccionadas para a envolvência de sete colinas repletas de alfazema, alecrim e rosmaninho. Seria a sua moradia por um dia, sem água, sem víveres. Apenas lhe era permitido uma pequena túnica, herança dos ancestrais, que apelidavam de túnica dos humildes.
A casa era circular, dizia-se, para que os espíritos, bons ou maus, não se refugiassem nos cantos. O eleito ficaria sozinho, em diálogo interior, apenas sujeito aos sons e aos cheiros que transpusessem as sete portas. Comandar não era subjugar, o exercício do poder era coisa demasiado séria para ser deixada ao acaso. A brisa tudo trazia, a brisa tudo levava.
Nesse dia, sabedores da importância do ritual, ninguém trabalhava no vale. Mas todos, em uníssono, tocavam as suas flautas, em suave melodia, tentando aliar-se à subtil mensagem dos elementos.
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Lindo ritual...beijos,chica
ResponderEliminarUma sabedoria milenar. Tudo que sa faz com fé tem um imenso valor. Passando para deixar meu afetuoso abraço e desejos de um domingo de harmonia e muito amor.
ResponderEliminarBeijos no seu imenso coração.
Carinhos na alma
Gracita
ResponderEliminarOnde fica esse vale? Onde fica essa paisagem interior que de que tanto necessito?
Belíssimo! Obrigada.
Beijo
Laura
Comandar nunca é subjugar....
ResponderEliminarA brisa encarregava-se de trazer os sons das flautas, e a inspiração necessária.
Abraço
Um ritual de sabedoria...
ResponderEliminarBeijos...
ResponderEliminarPra que não esqueçamos nunca da cabeleira frondosa, das raízes que andam, da seiva que escorre dos olhos: isso aqui é a nossa história registrada.
beijos,
Belo instante poético! Na efeméride de um dia a totalidade do ser conjugado aos elementos.
ResponderEliminarUm abraço
Um texto lindo. Pena que esse vale não seja português, para que os que nos governam aprenderem essa lição. Sim porque o que eles mais fazem é subjugar-nos. Pelo desemprego, pelos impostos, e pela fome.
ResponderEliminarUm abraço e bom feriado
Que pena não haver no nosso vale casas circulares com sete portas para lá pôr os nossos eleitos a meditar. De qualquer forma, a brisa está, há muito,contaminada. Mas é bom sonhar com um vale assim. :)
ResponderEliminarSempre, só o que tem razões para retornar.
ResponderEliminarIncrível, AC, ontem mesmo me lembrava das amoras bravas de Eugénio Andrade.
Abraços.
Gilson.
Esse vale onde se aliam, onde parece existir sabedoria, convicção e não ambição!
ResponderEliminarBelissimo.
Bom feriado meu querido amigo AC
beijinho e uma flor
É por saber que esse vale existe,
ResponderEliminarque não desisto
Poeta,
ResponderEliminarConcordo com o Rogério .
Acreditar na existência deste vale
é o que nos salva de morrer antes do tempo .
Beijos
Existe um provérbio tibetano que afirma que a verdade reside apenas na contemplação da natureza, imagino que dessa casa circular tudo o wue se visualiza é ela.
ResponderEliminarBeijo
celebração do simples
ResponderEliminarabraço
Quando foi que nos esquecemos de escutar a brisa...?
ResponderEliminarLindo, este ritual!
Beijo
Isa Lisboa
=> Instantâneos a preto e branco
=> Os dias em que olho o Mundo
=> Pense fora da caixa
=> Tubo de ensaio
ResponderEliminarPalavras para depor cansaços e desânimos.
Obrigada.
Um beijo
... entretanto hoje Cavaco
ResponderEliminarsubiu ao palco
para mais um número
Momentos para meditar e apenas sentir....Fechar os olhos e ver apenas com os olhos da alma...
ResponderEliminarLindo....
Obrigada pela visita...
Beijos e abraços
Marta
" Mas todos, em uníssono, tocavam as suas flautas, em suave melodia, tentando aliar-se à subtil mensagem dos elementos. "
ResponderEliminarE se começássemos , todos , a aprender a tocar flauta ?
Um beijo AC ,
Maria
Adorei o ritual AC...
ResponderEliminarParabéns sdds do poeta
bjo
Su
Contemplando a natureza é sem duvida uma boa maneira de meditar, que ritual maravilhoso!
ResponderEliminarBjs
Eu posso ouvir o som dessas flautas enquanto meus olhos e mente passeiam nessa poesia.
ResponderEliminarLindo, AC.
Beijo!
Quero muito um ritual assim AC
ResponderEliminarpoesia especial,belíssima.
abraço e saudade !
Um ritual desabedoriabeijo Lisette.
ResponderEliminarEm repeito, apenas reverencio o poeta do vale!
ResponderEliminarAbraços AC e linda vida!
AC, conto de utopia e sabedoria! Vivessem os nossos eleitos (meus não, os dos outros!) nessa austeridade durante o mandato...
ResponderEliminarBeijinhos
Olá, AC!
ResponderEliminarÉ bonita a imagem, daquilo que em tempos terá sido verdade: o ritual sábio de gente simples, feito de simplicidade.
Hoje vivemos num mundo de gente sábia-apesar da tenra idade...
Belo texto!
Abraço amigo e boa semana.
Vitor
AC, aqui está a verdade dos sentimentos. Gosto dessa homogeneidade de sentido: a sublimação de toda a realidade em volta. A natureza e a razão de mãos dadas.
ResponderEliminarAbr.,
um ritual feito de sábios para sábios.
ResponderEliminarum belíssimo texto.
beijo
:)
Nada me ocorre, AC. Nada me ocorre dizer senão que gostei muitíssimo deste específico ritual.
ResponderEliminarO meu abraço!
sábios eram os tempos!...
ResponderEliminarhoje qualquer "Palhaço" (salvo seja) se julga "Eleito".
abraço
Um belo e inspirador texto, AC.
ResponderEliminarAbraço.
Um belo texto. A história dá para pensar na sabedoria dos ancestrais que levavam a sério e com honestidade o lugar para o qual tinham sido eleitos!!! E hoje?! Que se passa com os actuais eleitos?? Por aqui me fico!
ResponderEliminarUm abraço.
M. Emília
Um lindo ritual poetico!
ResponderEliminarAmo percorrer os teus lindos versos.
Beijos, amigo
No lado certo da vida
ResponderEliminarSei de algumas tribos indígenas, no lado de cá, que tem rituais similares...
ResponderEliminarUm belo texto, AC.
Beijos, da Lúcia
Belo momento! A sabedoria ancestral na memória colectiva...trazida quem sabe, por sete ventos!!!
ResponderEliminarDia feliz!
Grata pela excelente leitura, AC.
ResponderEliminarBeijo :)
¸.•°✿✿⊱彡
ResponderEliminarUma mensagem de paz!!!
º°♪ Bom fim de semana!
Beijinhos .♫º
Brasil ✿⊱彡
aqui é a garantia de bela leitura!
ResponderEliminarBravo!
Odete
Quando se alcança a harmonia, a vida flui... belo sentimento em forma de palavras traduzidas em vida.
ResponderEliminarFeliz fim de semana.
Beijos e flores.
Fantastica narrativa deste ritual. Alias, a casa circular é muito interessante, visto que não há cantos e assim não há diferenças.
ResponderEliminarBjs
Lindo blog, linda música e textos. O vento tudo leva realmente...
ResponderEliminarUma luta sem guerra sem sangue mostrar ,
ResponderEliminarque apesar da pessíma educação
e exemplo dada pelos governantes:Mostrar que temos a educação
recebida dos nossos pais.
Nossos jovens são filhos da nossa incansável
esperança por um Brasil sem fome
de todas as necessidades.
Tenho estado um pouco ausente nesses últimos tempos
fico triste quando a vida por trás da telinha
me obriga a ficar longe de você.
Carinhosamente te desejo um abençoado
e feliz final de semana beijos no coração.
Evanir.
Tem Uma Mensagem Acorda Brasil.
Juntos Vamos Acordar O Brasil..
Somos Todos Irmãos....
(...)
ResponderEliminar"Comandar não era subjugar, o exercício do poder era coisa demasiado séria para ser deixada ao acaso. A brisa tudo trazia, a brisa tudo levava."
(...)
... e a mensagem está dada para quem a quiser entender!
ResponderEliminarCiclicamente, a brisa traz e a brisa leva. É preciso saber ouvir o vento e colher palavras.
Aqui é um lugar sereno onde a sageza se sobrepõe ao caos que tanto magoa.
Um abraço grato, AC!