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Hélio Cunha, Recife
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Já ia nos sessenta e muitos, o rosto curtido pela vida não enganava, mas o brilho dos olhos, quando se aproximava do mar, parecia contradizer os sinais.
A água, quando lhe tocava a única perna - a outra fora-lhe amputada - era a antecâmara da libertação. Entregava as muletas a um amigo e, ao pé-coxinho, procurava o abraço do mar, até ganhar a profundidade ansiada.
As primeiras braçadas eram sensação única, grito de desobrigação, até ultrapassar a barreira dos últimos banhistas. Passava dez, vinte metros, para lá da prudência colectiva, e era então que surgia o deleite. As braçadas eram poderosas, mas não era isso o que mais impressionava. Em todos os movimentos do corpo era visível o fruir da liberdade, da não dependência dos outros, o reencontro com a dignidade de se sentir homem.
Mantinha-se na água trinta, quarenta minutos. Na praia já se sentiam sinais de ansiedade no portador das muletas, e até gestos destes, de cumplicidade, requerem equilíbrio. O regresso à praia, o amparo da amizade, o retomar das muletas.
Amanhã será um novo dia. A liberdade, por vezes, tem que ser bebida em pequenas doses.
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Belíssimo texto de sensibilidade profunda...a perfeita sintonia no sentimento de compartilhamen to
ResponderEliminardos problemas humanos bem como uma reflexão sobre o conceito de liberdade.
Um abraço
ResponderEliminarNo mergulho, o afogamento das limitações físicas, a liberdade em estado líquido.
"bebida em doses pequenas"
Um beijo
E quem disse que as limitações são empecilhos para o voo da liberdade né. Lindo ver como alguém se transforma quando mergulha em algo que lhe dá prazer. E a amizade cúmplice, uma cena digna de ser aplaudida. Belíssimo texto. Bom restinho de domingo
ResponderEliminarBeijos e carinhos
Gracita
quando fico tempo sem passear por aqui e volto..
ResponderEliminarfaz-me muito bem..
e a liberdade...
beijos AC e boa semana.
Fiquei pensando que quem não tem qualquer limitação física nem sempre se apercebe de certas maravilhas da vida. Belo texto.
ResponderEliminarNas areias
ResponderEliminaraté as areias
se movem
Uma ternura de texto
Sim, a liberdade pode ser bebida em pequenas doses.
ResponderEliminarMas, a vivência será única e preciosa
com o gosto de infinito...
Belo e emocionante texto!!
Beijo.
Deve ser uma sensação única. Por isso tantas pessoas com alguma dificuldade física adoram a água. E eu adorei esta crónica estival, em dose imoderada (o meu sentir e não o tamanho da crónica, que está perfeito).
ResponderEliminarAbraço, amigo AC
Ruthia d'O Berço do Mundo
De fato, o texto é belíssimo. Este corpo modelado pela liberdade, este ir e vir à luz de sol um real e uma vida que se torna mais real
ResponderEliminara cada mergulho.
Abraço, amigo,
A liberdade em pequenas doses dá a entender alguma intenção.
ResponderEliminarMas o texto é belo e inspirador.
Abraço
A tua sensiblidade AC deixa-me de nó na garganta!
ResponderEliminarSão reflexões muito profundas, pois quando não se tem limitações, acredito que haja belezas sem serem contempladas.
Boa semana meu amigo
beijinho e uma flor
a ternura do texto e a importância da liberdade...
ResponderEliminartão belo, tão belo!
:)
Lindo, poético, comovente, libertador!
ResponderEliminarAbraço
Fiquei a pensar como nem sempre vivemos na sua plenitude as pequenas doses de liberdade que estao ao nosso alcance e como ate podemos, em certas circunstancias, proporcionar esses momentos libertadores a outras pessoas que, por razoes suas, nao os aproveitam no seu dia a dia.
ResponderEliminarLindo te ler. Faz voar...abraços,chica
ResponderEliminarTalvez que muitas vezes as limitações sejam o reverso positivo daqueles momentos cal-ma-men-te sentidos que outros tantos não fruem na plenitude dos movimentos...
ResponderEliminarBonito.
Abraço
Minutos em que se voa para além dos limites...
ResponderEliminarLindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Agostinhamigo
ResponderEliminarUm achado este Liberdade em pequenas doses. Liberdade é igual a... Liberdade, seja ela em grandes doses, seja ela em pequenas. Este é um dos melhores textos que vejo e, em especial dos muitos que já tive a sorte e o prazer de ler. Bué da fixe!!!!
E para quando um comentário na nossa Travessa, agora com novas... novas?
Abç
Henrique
Querido amigo AC, felizmente a alma não tem limitações...Beijos e Paz Profunda!!
ResponderEliminarFabulosa crónica para "beber" uma, outra e mais outra vez...
ResponderEliminarAbraço, AC!
Penso que liberdade com limitações, não é liberdade. Não sei... mas um começo, talvez.
ResponderEliminarBeijos.
neste contexto esta liberdade é sempre um ato de coragem, sorvê-la em pequenas doses é estimulante mesmo porque em tudo na vida , sempre um dia de cada vez.
ResponderEliminarobrigada pelo carinho da visita.
Olá, AC!
ResponderEliminarNa água amiga encontrou a liberdade que lhe faltava em terra.
Bonito texto; poesia em cada braçada.
Um abraço
Vitor
ResponderEliminarA liberdade na liqudez; o ser inteiro mesmo que fragmentado; o reencontro nas braçadas.
Obrigada, AC, por este momento!
Beijo
Laura
É , os sentires mais necessários se não os soubermos dosear , sufocam -nos .
ResponderEliminarBelo texto , como sempre .
Um beijo AC ,
Maria
Ao passar pela net encontrei seu blog, estive a ver e ler alguma postagens
ResponderEliminaré um bom blog, daqueles que gostamos de visitar, e ficar mais um pouco.
Eu também tenho um blog, Peregrino E servo, se desejar fazer uma visita
Ficarei radiante,mas se desejar seguir, saiba que sempre retribuo seguido
também o seu blog. Deixo os meus cumprimentos e saudações.
Sou António Batalha.
AC, a lê-lo e a dizer para mim em pensamento como, quase sempre, não aproveitamos a liberdade que temos e nos tolhemos em limitações criadas por nós. Obrigada pelo muito bom conto!
ResponderEliminarBeijinhos, boa quarta!
Poeta , um texto lirico como só um artista com sua sensibilidade é capaz de nos ofertar . Obrigada , sempre . Beijos
ResponderEliminarOla Ac, tanto tempo sim ler voce!
ResponderEliminarlibertei-me na diversidade da paisagem... maravilhosa de suas letras
Beijo *:)
Repeti esta leitura várias vezes...
ResponderEliminarBelo, muito belo, AC.
Beijo :)
Há sítios que me são especiais.
ResponderEliminar"Interioridades", diria.
Não só pelo texto, mas, sobretudo, pelo transtexto.
Nas suas multifacetadas vertentes.
Em poucas palavras: enormíssimo respeito,
admiração inequívoca.
Beijo agradecido, AC :)
Lendo o teu texto pensei que geralmente não sabemos valorizar e aproveitar a liberdade de movimentos que temos!
ResponderEliminarMais um bom momento que me proporcionas.
Bjs
é o que se chama respirar em plenitude...
ResponderEliminarexcelente.
abraço
Ser livres é tudo que ansiamos e o mar proporciona a isso quando temos consciencia do que ele representa: cautela e liberdade!
ResponderEliminarPoema de uma grandeza impar!
Beijos e obrigada pela presença carinhosa!
Me fez lembrar o filme "Ferrugem e Osso". E sim, o mar, sempre ele, que tem a capacidade de todo mal em suas ondas levar.
ResponderEliminarBjos!
Sempre muito sábio, AC.Liberdade com responsabilidade.
ResponderEliminarBeijo.
ჱܓ
ResponderEliminarEssa é a liberdade dele... mas tem tanta gente com as duas pernas que continuam prisioneiras de si próprias.
Adorei esse texto.
Bom sábado!
Ótimo fim de semana.
Beijinhos.
¸.•❤❤⊱彡
Agostinhamigo
ResponderEliminarReincido. Foi um grande prazer ter falado contigo ao telefone. Temos de repetir. Gosto de ouvir falar os Amigos; eles tê a paciência de... me ouvir. E como para mim as cerejas são como as palavras, ops, há aqui qualquer coisa que...
Abç
Henrique
Um texto muito simples e muito belo! Talvez porque a beleza resida na simplicidade...
ResponderEliminarGostei muito!
OI AC!
ResponderEliminarVIM TE CONHECER, POIS AO TENTAR MUDAR MINHA FOTO DE PERFIL, PEGUEI UM BLOG, ALEATORIAMENTE, QUE ALIÁS FOI O TEU E FIQUEI COMO SEGUIDORA, COMO JAMAIS FAÇO ISTO, SÓ SEGUIR, POIS SEMPRE, PRIMEIRO COMENTO, DEPOIS SIGO,VOLTEI, E AGORA COMENTO.
ACHEI INTERESSANTE TEU POST, POIS LEVOU-ME A PENSAR NOS ATLETAS PARAOLÍMPICOS, POIS PARA ELES DEVE SER MAIS OU MENOS ASSIM, LIVRES E "IGUAIS" AO SE MOSTRAREM, VENCENDO OBSTÁCULOS E SE SUPERANDO A CADA DIA.
MUITO BOM.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Obg pela visita...Voltarei com calma. Também gosto muito de prosa...
ResponderEliminar:) :)
Interioridades: manancial de cumplicidades e caminhos.
ResponderEliminarA água é um dos que permite ao corpo libertar-se e explorar sentires e movimentos diversos - sem limitações.
Envolvi-me neste movimento fascinante!
Obrigada, amigo.
Abraço.
Todos precisamos encontrar nosso mar, algo que nos liberta e nos coloca em contato com nossa solidão essencial!
ResponderEliminarBelíssimo texto. Quero meu mar amar em pequenas doses...
Abraços,
AC
ResponderEliminarAmo os seus textos. Volto para rever com o carinho que a sua postagem merece e para esclarecer sobre os haibuns.
Uma semana iluminada para você.
Um grande abraço.
Comovente metáfora de sabedoria!
ResponderEliminarÉ mesmo assim...
bjs
Comovente.- Gostei.
ResponderEliminarAbraços
Comovente.- Gostei.
ResponderEliminarAbraços