quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PEQUENAS NOTAS, CLÁSSICOS EXCERTOS

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Hélio Cunha, Águia voando ao encontro da sua flecha
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Não estava preparado para a solidão da descoberta. Sucumbiu às lembranças, pausou, inverteu a rota.
Regressou, de sorriso ténue, de fartura apenas uma mala de desassossegos. Quando entrou, não precisou de falar, num abrigo há sempre alguém para lavar as feridas. 
Pouco mudou, a não ser o reforço do alimento. És importante, és especial, e surge a força para mais um dia, o alento para o dobrar da esquina.
Vestiu uma camisa lavada. Aconchegou-se, pintou novas telas, desesperou com a eterna tonalidade escorregadia.
Surgem novos impulsos. Voltar é sempre uma forma de partir, mas com mais penas nas asas. No fundo pouco mudou, o pouco é sempre muito. Até as penas caírem.
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24 comentários:

  1. "Voltar é sempre uma forma de partir"

    A Ítaca do nosso contentamento.

    Um beijo

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  2. Lindo demais!
    Sutil aconchego! O suficiente para olhar depois da janela!
    Tenha uma linda noite e resto de semana!
    Beijos!

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  3. Vivemos sobre uma tela escorregadia!
    Belo texto!

    Abraço

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  4. A vida é um cais de partidas e chegadas. Umas masi dolorosas outras mais felizes.
    Um abraço

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  5. A bagagem das malas por vezes são apenas as lembranças, dos mais e menos bons momentos da vida.
    Boa noite AC

    beijinho e uma flor

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  6. Sempre fica um pouco de nós por onde andamos e sempre trazemos conosco um pouco do que ficou...no mínimo, saudades.
    Um abraço

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  7. As penas ficam sempre mais pesadas... a cada volta... a cada partida...

    Beijos...

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  8. Existem versos exactos, mesmos quando se escrevem como prosa
    "Voltar é sempre uma forma de partir" (belíssimo)
    Ao que acrescentaria que "partir é sempre uma forma de voltar".

    É entre estas formas tão distantes, tão próximas, que o tempo se forma como espaço intermédio de passagem, ponte de partida/chegada, num ciclo de eterno retorno (sem retorno atrás).

    Talvez porque todos os passos se precedem como impulsos
    E todos os mitos são precedidos por sonhos.

    Tua escrita tem sempre profundidade.

    Abraço

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  9. Nossas asas, às vezes estão pesadas, outras vezes leves, mas, queiramos ou não, todos carregamos uma mala de desassossegos...AC, beijo!

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  10. O meu pouco é sempre muito. Simples e bonito assim.

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  11. voltar e reinventar um mundo "nosso" e depois quicá voltar a partir renovado e com as mágoas saradas....

    :)

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  13. Fabulosa forma de escrever
    Amei...

    Maria Luísa (od7degraus)

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  14. Ter de voltar ao sítio de onde se partir, apenas com uma mala de desassossegos e ferido pela tomada de consciência de uma inevitável solidão, quase que transforma a derradeira ousadia em humilhação interior.
    O facto de te dizerem que és especial não te faz especial, se como tal não te sentires, mas cria por momentos essa ilusão, e quando as penas são tão pesadas que já não se consegue levantar voo, a ilusão é importante para virar as esquinas nos próximas dias.
    Um belo texto, como sempre, AC.
    xx

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  15. A transformação é um voo sem pressa,

    um olhar para dentro

    com muitas entradas,observações com notas

    acompanhadas pela solidão e silêncio...

    Sempre um grande voo poético, AC!

    Bj.

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  16. Poeta , seus textos sāo " um abrigo onde se lavam as feridas " . Vou sempre agradecer. Beijos

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  17. Até parece, querido, que estás a falar de mim.
    Meu coração se retraiu, mas minha fé o mantém batendo.

    Abraço.

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  18. Um belo texto poético, como testemunho vivo de renovação...

    Deixo abraços!

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  19. . . . com mais " penas " . . .


    Um beijo , AC ,
    Maria

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  20. Quanto mais pena, menos voo. E o poema, ou a prosa, faz pouso às palavras das asas... Sem voltar. E sem partir.


    Bom domingo.

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  21. Gostei tema, felicito-o pela prosa.
    A prosa não é para qualquer um.

    Abraço.

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  22. Gostei muito da imagem da "mala de desassossegos" como a única fartura. Às vezes é mesmo assim... ;)

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