domingo, 16 de novembro de 2014

CRONIQUETA DUMA MANHÃ DE SÁBADO

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Imagem tirada da Net
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A chuva, imune a injustas reclamações, conjuga o verbo persistir. 
Espreito, por detrás da vidraça, uma aberta, uma pequena folga que seja, e dirijo-me para o lado dos pinheiros. As gotas que escoam dos ramos, a dar o melhor delas, ainda me piscam o olho, mas falta-lhes o delicado toque solar, caleidoscópico porto de embarque para outra dimensão. Não, hoje não há milagres, as botas teimam em resmungar contra o terreno demasiado mole.
Tu bem perguntas para onde vou, mas raramente sei para onde. Não, hoje não há milagres, apenas sobram pequenas certezas. Hoje, com a tal música como pano de fundo, vou dialogar com a lareira.
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30 comentários:

  1. Milagres literários que nos encantam. A persistência da chuva também é criativa e a sua força tornou o terreno mais permeável.

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  2. Que linda pequena grande" croniqueta"! Adorei! abração,chica

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  3. Tbm queria uma chuva persistente...um vinho... e uma lareira...

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  4. Contemplar! Extrair a essência poética do olhar!
    Lindo!

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  5. Também eu, mantive um diálogo bastante intenso com a lareira, mas não sem antes ter saído para pedalar e ter apanhado um valente banho de chuva que me molhou até às entranhas... Ainda me soube melhor a lareira :)

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  6. Oi, A.C. o outono tem suas delicadezas que preparam a alma para sua interiorização...que motivo melhor para um texto poético... no desfrute de uma lareira
    Um abraço

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  7. Muito bonito... ♪♫ Se um dia eu pudesse ver, meu passado inteiro
    E fizesse parar de chover... Nos primeiros erros. O meu corpo viraria sol. Minha mente viraria... Mas só chove chove, chove, chove...♪♫♪♫

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  8. A chuva por si só é um milagre... E poder está olhando para uma lareira também, privilégio de poucos...
    Adorei...

    "que os bons ventos te cerquem"

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  9. É tudo tão belo e sensível aqui...levo suavidade sobre o meu cansaço...

    Beijo

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  10. oi AC
    Delícia pura! Ah! manhãs chuvosas_ como gosto!
    E o poema é todo essas murmurações que o dia oferece_ não sem o toque molhado dos pingos nos ramos beirando a nostalgia.
    Amo isso AC
    deixo meu abraço e muitos parabéns.

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  11. Há dias assim, em que a poesia teima em não fazer milagres. Ainda que um... aqui...!

    Beijo

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  12. Vê, AC, eu bem digo e volto a dizer que é impossível uma pessoa ficar decepcionada quando lê um artigo escrito por si. É um género de simplicidade sofisticada. Se é que tal designação existe (bom, se não existe passou a existir). Ou seja, eu escrevo em modo bravio, o AC escreve em modo de quem sabe escrever em bom.

    Tenha uma boa noite. A lareira para além de ser uma boa companhia, também é uma excelente ouvinte :)

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  13. A chuva, as cores outonais, e a lareira acesa, são bons e inspiradores ingredientes para quem sabe usar as palavras com maestria de génio. Muito bom.
    Um abraço

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  14. Um belo diálogo que semeia gotas de pura poesia,
    aquela em que as palavras nos tocam e guardamos
    numa boa colheita.
    Adoro colher o encanto da tua escrita,AC! Bj.

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  15. E que diálogo saboroso!
    Beijinhos (a sentir-me culpada porque ainda não encomendei lenha...)

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  16. Chuva, melodia compósita que embala a natureza e suscita a diálogos de cumplicidade...
    Belo, sempre!
    Bjo, AC :)

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  17. E falar com os dourados e inventar histórias do outro Mundo, sobre dragões e bruxas maldosas. Ou simplesmente saborear uma boa chávena de chá...
    Lindo...
    Obrigada pela visita
    Beijos e abraços
    Marta

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  18. E por vezes o fogo das palavras é tudo o que nos falta... Ou nos resta.

    Beijo, AC.

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  19. Uma doce melodia entre "eu" e mais"eu".
    Um poder fora de série em trazer a Natureza até nós, com a poesia que nasce dentro de si! E ela vem e entra como a chuva mole!
    Beijo, AC

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  20. "Dialogar com a lareira"... Sei tão bem o que isso é.
    Beijo.

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  21. Uma prosa que seduz...a subtileza com que olha para a natureza e faz poesia.
    Gostei muito!
    Abraço...

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  22. Eu antes não gostava muito da chuva... Mas gosto dela cada vez mais! Especialmente de chuva como esta! :)

    Tem um presente aqui:

    http://instantaneospretobranco.blogspot.pt/2014/11/premio-infinity-dreams-2014.html

    Um beijinho e um bom fim de semana!

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  23. Que bela é a chuva quando não se esquece do sol a acompanhá-la. Mas estes dias tão cinzentos ocultam todo o brilho que seria suposto encontrar nas gotas de chuva.
    A lareira é contudo um belo refúgio.
    Belo texto, como sempre, AC.
    xx

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  24. AC, seu poema tão delicado e sensível fez-me subir à tona dos olhos pequenas lágrimas borbulhantes. Eu dialogo com o vento... mas ultimamente não tenho conseguido compreender (ou aceitar) os caminhos que ele tem me mostrado. Um abraço!

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  25. acho que não é uma croniqueta, mas um belíssimo sentir escrito em palavras poéticas....
    e por vezes sabe bem dialogar com a lareira...
    bom fim de semana.
    beijinhos
    :)

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  26. Escrever a croniqueta ao som do crepitar do fogo....o calor do afago.... só podia dar nisto....:) bela inspiração!

    Beijo ;)

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  27. Como sempre , poeta , sua escrita vem nos encantar . Obrigada . Beijos .

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  28. Boa noite AC
    "Dialogar com a lareira" faz os dias de chuva mais agradáveis, com certeza.
    Não tenho lareira, um bom aquecedor é bom "remedeio", mas falta-lhe "algo" - o encanto do fogo da lareira...

    abç

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