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Fotografia de AC
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Chegaste, ao fim da tarde, quando me debatia com o arrumar de algumas palavras, quase sempre esquivas.
O sol, já muito inclinado, resistia ao ocaso, naquele período em que a luz, quase mortiça, e ainda que por breves instantes, realça os recantos mais tímidos da alma.
Trazias palavras de indagação, bordadas em sorrisos, mas os teus olhos eram mais fiáveis. Querias saber, questionar, embora de forma delicada. Sabias que, em lugares onde esvoaçam os pássaros, a harmonia não é palavra vã.
Queria mostrar-te as abelhas, em contramão, no afã das nespereiras, mas o astro, quase de inverno, esgueirava-se. Na abordagem das estações, num outono prestes a passar testemunho, já poucas palavras respiram, a maioria está em pousio. Os pássaros continuam a esvoaçar, é verdade, mas apenas os guardiões dos ínfimos pormenores, a preparar terreno para os anunciadores da primavera.
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Margarida Cepêda, Chegada e partida
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Gostei do seu texto.
ResponderEliminarA vida gira tal como as estações e sempre nos questionamos sobre alguma coisa, na vontade de aprender mais e de perceber o que ainda nos surpreende.
Desejo-lhe um bom fim-de-semana, AC:)
Sempre que aqui venho, não resisto a ouvir a "Chuva" ...
ResponderEliminarMe emocionei com a leitura, no bordado delicado
ResponderEliminardas tuas palavras mestras da beleza poética,
da beleza da alma e da beleza evocativa de
sentires sublimes...
"Sabias que, em lugares onde esvoaçam
os pássaros, existe sempre um segredo
para a harmonia."
Esta prosa poética ficará guardada no
meu olhar, no espaço das poéticas
mais belas lidas...
Esta imagem é belíssima, mas tinha visto uma
foto tua antes, de uma beleza encantadora,
não é nenhuma sugestão de substituir,viu?!...
Beijo.
Suzete, esteve lá outra imagem, é verdade, mas senti alguma dificuldade em escolher. Acabei por lá colocar as duas, acho que se complementam.
EliminarUm beijinho :)
As duas se complementam na beleza poética e na
Eliminarexpressividade da profundidade filosófica do teu texto,AC!
Um beijinho.
A vida é feitas das partidas e das chegadas, e da transformação da matéria, pois hoje em dia já nade se inventa, nem nada se cria.
ResponderEliminarBelíssima prosa poética:)
Deixo um beijinho.
Me prendi na imagem... é fantastica...
ResponderEliminarSensacional...
ResponderEliminarVerdade, AC, nem todas as partidas são definitivas. Porém, custa o desapego do que cresceu naquele momento ou fase, connosco. Mas já o poeta dizia: "tudo o mais se renova...isto é sem cura"
ResponderEliminarImporta saber aceitar toda a renovação. E com palavras assim, há mais contemplação!
Beijinho! *
Ainda terão de festejar os belos relâmpagos
ResponderEliminarAdorei o texto! Belo e muito profundo.
ResponderEliminarAbraços,
Furtado.
Oi AC, bom dia!
ResponderEliminarAssim é a vida, precisa-se estar pronto para novas mudanças. E ter fé no que está por vir!
Um grande abraço e bom domingo!
Mariangela
Esses momentos em que se pode desfrutar da paz... Há sempre um raio de Sol que rasga a escuridão da chuva... há sempre uma pergunta, uma resposta, qualquer coisa que nos abre o Mundo...
ResponderEliminarGostei muito...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Não gostei da imagem, para mim assustadora! O texto é triste e inquietante e a vida é esse espelho que descreves e nada de nada é em "vão". A ordem será sempre: seguir em frente sem parar no passado.
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo
Sempre gostei da tua franqueza, Fatyly. Embora não concorde contigo no que respeita à pintura da Margarida Cepêda, que acho maravilhosa, acabei por complementá-la com uma foto minha que, curiosamente, tinha sido a primeira opção para este texto. Como diria Mestre Gil Vicente, "e assim se fazem as cousas". :)
EliminarUm beijinho :)
Só agora tive um tempinho para vir aqui e deparo-me com uma foto MARAVILHOSA e pensei...estarei a ver mal? Ai e a outra horrorosa? É que isto de estar à beira dos 65 anos anos já é um pouquinho forte:) e eis que vejo a tua resposta que me fez rir. Sou mesmo franca quando comento - gosto ou não gosto - e o mesmo se aplica a tudo na minha vida, incluindo a pintura que não percebo nada, apenas olho, vejo e revejo e gosto ou não gosto. Mas respeito todas as opiniões mas digo-te o que é hábito dizer ao meu irmão e cúmplice: se todos gostassem de ti, ó que caramba (aqui o termos seria outro), não sobraria nada para mim:):):)
EliminarParabéns pela tua foto e termino com as mesmas palavras de Gil Vicente que graças a ele levei imensas réguadas... "e assim se fazem as cousas".
Obrigado pois não esperava por este "gesto" e um abraço
É delicioso o teu texto; questionar, ter vontade de saber, perguntar e ouvir atentamente a voz da sabedoria .... e haver alguém disponível, alguém que saiba calmamente transmitir conhecimentos com alma.... todas as estações são lindas, nesta perspectiva_ digo eu, interpreto assim....
ResponderEliminarBeijinho, AC :)
Oi, A. C., no lusco fusco da paisagem as almas dos enamorados fazem consonância.
ResponderEliminarperfeito!
um abraço
Um belo texto como aliás é seu timbre. A poesia que corre solta pelas palavras escritas, em belas imagens que nos deleitam o espírito.
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo
Tão belo quanto os fins de tarde quando o sol se despede sorrindo-nos!
ResponderEliminarAs imagens são lindas, muito original a da abelha na flor da nespereira.
Um bom restinho de domingo AC e um beijinho.
Adélia
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ResponderEliminar- Belíssima poética delicada e intimista,
tendo como belo e espetacular cenário,
um fim de um dia, especial e luminoso...
~~~~~~ Afetuoso abraço, AC. ~~~~~~
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Gostei do texto, AC! Podemos estar em qualquer estação... da nossa vida... mas saibamos olhar para ela, com o espírito de uma permanente Primavera... independentemente, de todas as partidas e chegadas que passem por nós... de afectos, pessoas, estações do ano, situações...
ResponderEliminarE como afirmo no meu próximo post... cada fim... do que quer que seja... é um outro começo... saibamos pois, olhar para tudo à nossa volta... com um espírito de... um permanente recomeço!... Acho que será esta, a melhor abordagem... da vida!
Beijinho! Bom domingo!
Ana
Ótimo final de tarde!!!!!!! Beijos
ResponderEliminarA vida é uma sucessão de estações do ano, algumas até no mesmo dia. Por vezes vão-se as palavras para voltarem em seguida e assim vamos andando. Com sol ou com chuva a vida continua e ainda bem :) Beijinho AC
ResponderEliminarPassei os olhos pelos comentários e cada vez mais constato que quem constrói o texto é o leitor. O autor cria uma obra aberta e cada um vai construindo os sentidos. Gostei do seu texto, poético, como sempre, trazendo uma imagem intimista de um momento no tempo. De tudo, guardo com prazer o trecho:
ResponderEliminar"a luz, quase mortiça, e ainda que por breves instantes, realça os recantos mais tímidos da alma." Sim, seu texto nos fala à alma. Boa semana. Beijos.
Estamos sempre em andanças, de estação em estação. Ainda ontem era Verão, hoje já é quase Inverno. Não há amarras que parem o tempo!
ResponderEliminarUma boa semana :)
Que lindo!
ResponderEliminarSentir a delicadeza de cada momento que passa "por nós" é sentido de presença!
O encantamento do movimento é a alma do Poeta!
Feliz semana, beijo carinhoso!
"quando me debatia com o arrumar de algumas palavras, quase sempre esquivas".
ResponderEliminarMais um belo texto sentido, intimista, poético, com o qual me identifiquei.
Um beijo.
Que belo texto e como é belo o Outono! E está quase a fugir!
ResponderEliminarBeijinhos, uma óptima semana :)
Uma fotografia fantástica.
ResponderEliminarA azáfama das abelhas a preparar o Inverno, o ciclo renova-se...
Bj.:))
O prenúncio de mudança de estação; as palavras esquivam-se, tal como o astro-rei, mas enquanto voarem pássaros, a alma voará com eles e saberá onde pousar.
ResponderEliminarBelo texto, AC. E gostei das duas imagens, acho que se complementam muito bem em relação ao sentido do texto.
Boa semana!
xx
A natureza entrando em equilíbrio com o tempo. Me parece que existe um esforço em equilibrar-se para não sucumbir e a imagem caiu tão bem. Um beijo.
ResponderEliminarDepois de tanto tempo...
ResponderEliminarPassei para pôr-me ao corrente
e deixar as minhas saudações poéticas!
As palavras esquivas são as mais comoventes e também as que nos deixam insones, como outras coisas valiosas.
ResponderEliminarA verdade é que você trata tão bem as palavras...
Forte abraço, poeta!
Bela forma de escrever esta!
ResponderEliminarPoeta , você borda as palavras com maestria . Tão lindo o que nos oferta . Obrigada . Beijos .
ResponderEliminarPassamos e ganhamos asas.
ResponderEliminarBeijo.
Há visitas que são sempre bem vindas, seja ao final da tarde, pela noite dentro, ou numa manhã soalheira. Mesmo que cheguem carregadas de indagações e as abelhas não voem entre as flores.
ResponderEliminarBeijinhos, uma linda semana
Ruthia d'O Berço do Mundo
Estava a ler este seu texto, assim como que embalada pelas palavras e, não consegui evitar a uma determinada altura o pensamento de que este seu texto daria uma bela canção.
ResponderEliminar"palavras de indagação, bordadas em sorrisos", daria um belo mote. Não que não goste do seu título, mas esta parte tem um especial encanto.
Um resto de boa semana, AC :)
um texto amável e sábio, cuja leitura apazigua e conforta...
ResponderEliminaradmirável a tua escrita.
forte abraço
Aproveitando os instantes, mas nunca deixando o frescor e as cores que encantam... como na primavera.
ResponderEliminarBeijo.
a primeira foto está mais de acordo com o texto
ResponderEliminarnão gostei muito da segunda imagem...
o texto está muito bom como sempre...a guardemos a próxima primavera
um beijo
:)
Uma beleza de imagens que soltam o nosso imaginário.
ResponderEliminarAdorei a nespereira com abelhas e até ouvi o zumbido.
Um poema feito vida!
Um beijo
Lindo, bjbj Lisette.
ResponderEliminarTodas a estações têm a sua beleza! Mas ficou a faltar algo do interlocutor...
ResponderEliminarForte abraço, AC!
Um texto cheio de inverno mas que espera a primavera.
ResponderEliminarSão estas as palavras que mais angustiam - as que não encontram lugar.
São os entardeceres os momentos mais propícios à reflexão. O lugar do encontro das palavras feitas atos de vida. O que se quer, o que se deseja, o tempo das possibilidades ou impossibilidades. O tempo da poesia...
ResponderEliminarUma vez mais, soube-me muito bem este teu texto, AC
Bjo :)