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Hélio Cunha,Táxi
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Caminhava, apressado, contornando as pessoas com a ligeireza própria dum desesperado. Estava atrasado, mais uma vez, lutando contra relógios, guarda-chuvas, buzinas, semáforos, polícias, carros, vendedores ambulantes, turistas, pombos... tudo quanto lhe aparecesse pela frente.
Não era sina, era apenas a consequência de tudo querer, quase sem regra, como se o mundo se fosse desintegrar a qualquer momento. Levava demasiado a peito a ideia de falência do sistema, esperança era palavra ofuscada do seu vocabulário. E corria, corria muito, em prol de se satisfazer, às tantas nem sabia bem do quê. Apenas queria viver, tentar viver tudo num instante, com urgência, mas sem procura, sem filtragem, sem aprendizagem...
Corria, interpelava, clamava por um táxi. Com tanto frenesim, nem descortinava que era ele que, rapidamente, se começava a desintegrar.
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シ
ResponderEliminarAssim é... na selva de pedras!...
Bom fim de semana com tudo de bom!!!
Beijinhos.
✿˚° ·.
Oi, A.C....visão esclarecida dos "Tempos Modernos".. Correr para quê ou de quê?
ResponderEliminarUm abraço
Algo que ainda não aprendemos... não podemos querer tudo... ser tudo... ou estar em todo o lado...
ResponderEliminarNão nos podemos desdobrar... somos humanos... e como tal... falhamos!
Perante nós... ou perante os outros... e falhar, às vezes... é mesmo a última réstia de humanidade, que a sociedade, na sua correria diária, insiste em querer apagar de nós... tornando-nos autómatos... e infalíveis...
Excelente texto e excelente suporte em imagem!
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana
As novas tecnologias surgiram e surgem à velocidade do som e o homem, burro para cacete, entre dessa correria e se chegar a uma idade em que se pensa mais, olha para trás verá resmas de pele, neurónios e afins espalhados pela sua estrada.
ResponderEliminarPior é a actual geração, habituados a terem tudo...não sabem falar, comunicar e são poucos os pais, educadores e até avós que lhes mostrem que há mais vida para além de, que o dia continuará a ter 24 horas e sobretudo lidarem com REGRAS, para não se desintegrarem como dizes.
O querer tudo...já vem de longe.
Foi a minha sincera interpretação e gostei, porque algo escrito por alguém tem uma interpretação, lido por dez poderá ter dez diferentes, certo?
Um abraço e bom fim de semana
Verdade AC! É exatamente isto que está ocorrendo no mundo!
ResponderEliminarUma pena! É a vida passando em brancas nuvens...
Ótima reflexão.
Abraços!
Mariangela
É preciso contrariar e disciplinar a ânsia urbana.
ResponderEliminarQuem quer viver a correr, não vive, sobrevive, e mal.
Mais um belo momento de prosa poética.
Fica um beijinho, AC.
Na verdade
ResponderEliminaré preciso parar
para ver como se anda
Abraço
Quando era menina, o tempo demorava a passar, tinha tantos sonhos, para viver, e nunca mais crescia. Depois o tempo passou a correr. Alguns sonhos se perderam pelo caminho, outros continuam comigo, e continuarão até à hora derradeira. Mas hoje já não tenho pressa. Aprendi muito nestes quase 70 anos. Pena que só saibamos lidar com a vida, quando ela já caminha para o fim não é mesmo?
ResponderEliminarUm texto muito bem escrito.
Um abraço e bom fim de semana
Nossa maior dificuldade é "estar presente no presente".
ResponderEliminarPrecisamos fazer tudo ao mesmo tempo, então nos falta tempo!
Adorei sua reflexão!
Beijo carinhoso!
Impossível evitar uma pontinha de identificação, principalmente quando se vive nos grandes centros urbanos.
ResponderEliminarEu ando depressa sem estar com pressa. As vezes me convenço que é preciso aproveitar o caminho, então vou mais devagar, mas quando vejo, lá estou eu mais uma vez sem ar. Uma tristeza! Adorei a prosa, AC e eu ri com os pombos.rs
ResponderEliminarBeijinhos e bom domingo.
De tanto correr, quase deixamos de viver.
ResponderEliminarMudar o mundo não custa muito, leva é tempo.
ResponderEliminarpor isso a pressa é perversa.
até diria
que, em vez de acelerar, adia
OI AC!
ResponderEliminarASSIM ANDAMOS, SEMPRE A CORRER, DEIXANDO DE APROVEITAR A BELEZA DA NATUREZA AO NOSSO REDOR.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Às vezes um tempo ajuda....
ResponderEliminarBjbj Lisette
Integrar-se, entregar-se, perder-se... A perda da identidade é a mais recente endemia de nossa sociedade. Na ânsia de participar deste mundo caótico, o homem deixa de se constituir como "alguém" para ser "todos"... Abraços, bom final de semana.
ResponderEliminarPerdemos a noção de nós próprios...A correr para qualquer coisa que depois não é nada....e não gozamos o maior bem de tudo... Nós, a nossa vida...
ResponderEliminarObrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta
Urbano e voraz! Adoro estar aqui novamente. Bj
ResponderEliminarPerfeito... é isso mesmo... somos nos que de tal forma entramos nesse ritmo de correria e stress que nao conseguimos frear a mente e acabamos em colapso...
ResponderEliminarPior que isso , é quem se desintegra , só porque se lhe atravessou no caminho .
ResponderEliminarBoa semana AC ,
Maria
Um retrato fiel do nosso mundo! Em casa, nas escolas, nas ruas, nos empregos... e há pessoas que só sabem viver assim.... se por qualquer razão fazem uma paragem, é o fim do mundo, porque de repente vão-se confrontar com elas mesmas.... parar significa pensar, dar-se conta do eu.... e isso nem pensar!!!
ResponderEliminarBeijinho AC :) (Gostei da ilustração!)
A pressa sequestra o que temos de mais importante:
ResponderEliminara consciência, a vivência e a entrega...
De fato tudo irá se desintegrar e é melhor
viver de verdade até lá...
Belas e profundas, a prosa e a imagem escolhida, AC!
Beijo.
Excelente !
ResponderEliminarHá tanta gente a viver assim, a desintegrar-se.
Para quê ? Para onde? Porquê ?
Um beijinho
Fê
Este é, sem dúvida, o grande problema dos dias que correm. E na pressa até se atropelam pombos. Coitados do pombos que se atravessam nas vidas corridas desta gente :))
ResponderEliminarTenho um truque, AC, mesmo de manhã quando uma pessoa sai para o trabalho, sair com tempo. Por vezes sabe muito bem ver a manhã deserta e caminhar devagar. O cheiro da manhã nem sempre é agradável, mas uma pessoa consegue esquecer por momentos essa parte. Também o faço no final da tarde, por vezes a chover torrencialmente sabe bem caminhar pelas ruas da cidade devagar. Parece que limpa a alma. É uma sensação única. Aconselho.
Tenha uma boa noite, AC :)
Poeta , descreve com bastante precisão o que se passa nos dias de hoje .
ResponderEliminarAqui onde moro , São Paulo , Brasil , corremos de manhã à noite .
É bastante cansativo e temos que nos cuidar para que não nos desintegremos , no meio de um trânsito caótico e violento . Beijos e boa semana
Só não chamo pelo táxi...mas começo a desintegrar-me...
ResponderEliminarUm alerta sábio e poético.
Bjs
Tantos de nós vítimas dessa pressa, mas não podemos culpar o mundo nem nada nem ninguém, apenas a nós que devemos repensar o nosso tempo, a nossa vida :))
ResponderEliminarBeijinho AC
"Vamos a isto que é uma pressa" é uma pressa benigna, a das decisões em tempo certo. Outra coisa é o desgraçado frenesim que atropela tudo e todos.
ResponderEliminarAC, caracteriza neste trecho uma DOENÇA que atormenta boa gente com que damos de caras todos os dias. Vivemos numa sociedade de extremos, do tudo ou nada. Em oposição aos apressados temos os imobilizados. Os do meio termo cada vez são menos.
AC: corremos assim..em busca do tempo perdido..a espera de mais tempo...sem sabe nem pra quê? Grande angústia da atualidade..vale areflexão!
ResponderEliminarabraços meus.
sintese perrfeita da sufocante armadilha em que esbracejamos.
forte abraço, meu amigo.
prazer grande ler-te. sempre!
assim é, na selva do dia a dia, e depois?! que resta?
ResponderEliminarnem sabemos nós porque corremos, ou sabemos, e estamos agarrados ao sistema.
realista este texto...
beijinho
:)
Também voltei, meu caro A.C. e tenho consciência de quanto tempo passou. Como o personagem que, em meio a tanta correria, não tinha olhos para uma plantinha ingênua crescendo.
ResponderEliminarNada mais sublime do que vê o tempo passando para não se desintegrar.
Forte abraço, companheiro!
Às vezes há pressa em agarrar a vida... e é tanta que se corre o risco de desintegração.
ResponderEliminarA tela liga bem com o texto. Gostei muito.
Beijinho. :))
Gostei muito do quadro e do texto - este para nos fazer pensar.
ResponderEliminaruma boa semana e um beijinho
Gábi
Óptima reflexão a deste conto! Geralmente pergunto-me porque corremos, vejo no trânsito matrículas e mais matrículas à frente... e para quê? Outras vezes pergunto-me se não teremos mesmo de correr ainda mais.
ResponderEliminarBjs
E a vida passa e não damos pela sua presença como se fosse um dado adquirido. Sem tempo para saborear a simplicidade dos pombos que também comem a fugir...
ResponderEliminarE nós...corremos atrás!
Para parar e pensar, AC!
Beijinho
Imagem certeira, AC: desintegramo-nos, somos mais uma partícula numa nuvem delas! De que adianta correr? Mais vale aderir ao slow motion agora em voga :)
ResponderEliminarBeijinhos
Na correria diária deixamos muitas vezes, a vida passar por nós sem a vivermos.
ResponderEliminarUm abraço
Maria
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ResponderEliminar~ Está muito interessante e especial,
a abordagem que fez a este tema, no qual todos nos revemos um pouco.
~ Dias feltzes. Abraço amigo, AC. ~
E quando resolver parar pode já ser tarde.
ResponderEliminarMuito bom.
Abraço
A pressa. As correrias que nem se entendem. Mas corremos atrás de quê? Uma boa reflexão sobre este mundo urbano que devora o nosso tempo...
ResponderEliminarBeijo.
Quem vive assim, não vive.
ResponderEliminarBom fim-de-semana para si:)
O ritmo das frases conseguiu fazer-nos sentir o frenesim.
ResponderEliminarVotos de uma linda semana, aproveitando o verão de S. Martinho e as castanhas assadas, porque o AC não é pessoa para se deixar desintegrar pela pressa.
Abraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
A pressa permanente é uma doença... temos que variar o nosso ritmo conforme as situações.
ResponderEliminarUm bom texto, gostei de o ler.
Tenha um bom fim de semana, caro amigo AC.
Abraço.
É bem assim a vida...Um correr desenfreado, onde nos vamos perdendo pedaço a pedaço.
ResponderEliminarFizerem-me correr as suas palavras :)
Brisas doces **
Demasiada pressa geralmente pode dar em longos e penosos vagares.
ResponderEliminarO corre-corre da vida moderna afastou o homem da Natureza, que tem o seu próprio tempo, e da sua própria natureza. Sem tempo de liberdade que o ócio proporciona, a vida não passa de neg-ócio; negação da liberdade.
Excelente, AC. Que reflitamos acerca das urgências e prioridades do nosso tempo.
xx
É uma forma de nos adiarmos a nós próprios, de nos ajuizarmos...
ResponderEliminarSempre a encantar, amigo!
BJo :)