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A aurora era rodapé à mercê das circunstâncias. Uns partiam, prenhes de tudo, outros chegavam, com novas vestes, novos olhares, alheios ao esboço inicial.
Dos que chegavam, com passos mais vagarosos, uns ficavam, procurando conciliar velhas com novas memórias, outros renovavam o bilhete, tentando derrubar o muro da eterna insatisfação.
Entre o ir, com acenos, e o ficar, com murmúrios, desenhavam-se novas construções, pintadas com as cores da alegria, ou da tragédia, dos que chegavam, filtradas na vontade dos que ficavam: umas vezes vingavam os velhos, apoiados na experiência de mil-sóis, outras rejubilavam os novos, alimentados em vontades mil.
Entre o ir e o ficar, a partida tornou-se uma constante, mas a chegada não tanto. Por entre o lamento do destempo, o poeta, com tempo, avivou a palavra saudade.
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A despedida é que nos fica impressa na memória. A chegada, quantas vezes chega fora do tempo.
ResponderEliminarNos entretantos, entre a espera e achegada, a saudade ganha corpo dentro de nós.
A minha pele é feita de saudade.
Beijinho.
A saudade... é o preço a pagar pelos momentos memoráveis...
ResponderEliminarAdorei este destempo... por aqui... tão actual e intemporal...
Enredados entre o ir e o ficar... vai passando o tempo... até ficarmos... com saudades de nós...
Beijinho! Bom fim de semana!
Ana
Começo a ter saudade da partida
ResponderEliminartenho tempo
A viagem, afinal, o destino traçado de todo o homem. E daí a saudade, antes ainda de poder ser pronunciada.
ResponderEliminarUm beijo
Poeta , sua definição de saudade não poderia ser tão verdadeira como exposta no belo texto . Obrigada . Beijos .
ResponderEliminarSaudade dos que foram; mais ainda, dos que não voltaram e nem voltarão.
ResponderEliminarComo sempre interessante este modo de conjugar as palavras...palavras para mastigar lentamente como o pão, para refletir e pensar na nossa essência humana...estamos sempre a partir e sempre a chegar a destinos, que mesmo quando são os mesmos, são sempre já outros...
ResponderEliminarBom domingo!
oi, A. C. quantos séculos de história moldaram na mente portuguesa a palavra saudade...
ResponderEliminarUm abraço
É pior para os que ficam, dizem... é igualmente dolorido para os que partem... a saudade nao escolhe lados, acomete a todos...
ResponderEliminarNão sei se, no passado, cheguei a comentar... Quando decido estar mais presente nos meus blogs, principalmente escrevendo, que é quando o corpo cansou... Por extrema coincidência, vejo texto seu na linha do tempo e venho aqui para ler...e, sempre, para minha perplexidade, na maioria das vezes, você parece profetizar-me, claro, sem a devida consciência. Obrigada!
ResponderEliminarUm texto muito bonito. Uma eterna partida, parece ser a sina deste povo que tem um belíssimo país tão bem desgovernado, que vai de mal a pior.
ResponderEliminarE as saudades, por mais dolorosas que sejam, nunca o são tanto, como a fome e a miséria. Pelo menos para os que vão. Os que ficam agonizam dia a dia, de saudade e solidão.
Um abraço e um domingo radioso
Sou pouco saudosista...parti, cheguei, parti e encalhei a meio do percurso, mas é imensa e cada vez mais intensa a vontade de partir para a "minha terra vermelha" e jamais voltar!
ResponderEliminarTu escreves p´ra caramba e fico fascinada com a roupagem que dás a sentimentos reais.
Quanto à obra de Sergei, pois, quando comecei a ler e a reler não consegui ligar à que puseste. Estranho, pois pode ocorrer a "a bota pode não dar com a perdigota" mas liguei-me a uma que vi deste cavalheiro ao deambular por "pinturas" ou lá o que sejam, talvez consequência do "partir e chegar" entre três continentes:)
esta: Three Bridges IIh ttp://www.aparin.com/atelier.htm
Parabéns e não leves a mal por favor e desculpa a minha sinceridade.
Beijos e bom domingo
Fatyly,
EliminarLevar a mal? Pois fica sabendo que fui confirmar a tua sugestão, gostei e... já mudei. :)
Obrigado.
Um beijinho :)
Brilhante reflexão sobre a, por vezes, muitas vezes, dolorosa saudade!
ResponderEliminarBeijinhos, bom domingo :)
Saudade aquela que apenas se sente dolorosa!
ResponderEliminarBeijinho AC e bom restinho de domingo.
...as vezes chegamos sem saber porque partimos...!Isto por aqui e lindo...
ResponderEliminar...amo este cantinho há tantas luas...
ResponderEliminarSaudade... A tal palavra que muitas vezes nos faz voltar.
ResponderEliminarBeijinho AC
Oh, a saudade, aquela palavra que se (re)inventa sempre!
ResponderEliminarBoa semana, AC, um abraço
A saudade até pode ter sido inventada pelo poeta, mas ela é dolorosamente sentida quer por quem parte, quer por quem fica.
ResponderEliminarUm belíssimo texto, de partidas e chegadas, igualando-se, neste aspeto, as gerações.
Bjo, AC :)
Como é difícil lidar com as partidas de quem amamos!Obrigada pelas boas palavras no meu blog. Grande abraço
ResponderEliminarEssas partidas, com a saudade que fica sempre, são uma marca tão nossa, tão portuguesa.
ResponderEliminarBoa semana
A partida pode ser uma viagem, uma fuga, a imaginação... Seja o que for o poeta reinventa-se sempre na palavra saudade.
ResponderEliminarBelíssimo este texto.
Beijo.
Muito mais que um texto, AC
ResponderEliminaré um desafio para quem o lê:
o eterno desafio das pontes
Que pontes os encaminham,
que pontes os desencaminham
amados e perdidos sem ir
a qualquer lado.
O homem aonde pertence?
À Terra que fecunda, sempre!
andarilhos - este nosso Fado!
ResponderEliminarforte abraço
~~~
ResponderEliminarContinuamos a ser
um país de navegantes, agora sem barcos...
Restou-nos o gosto
pela aventura, a saudade e o fado cantado...
Uma prosa poética
interessante e inteligentemente bem urdida...
Beijinho amigo, AC.
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Uma história linda sobre a saudade que os homens criam. :)
ResponderEliminarUm beijinho.
A palavra saudade, um portal de conexão!...
ResponderEliminarVejo também nesta viagem do tempo, a vigem da vida:
as partidas e chegadas com cenários antigos e novos...
Tudo isso dentro, na nossa viagem interior.
Beijo.
Tenho para mim que a parte do "alimentados em vontades mil" deve sempre fazer parte da vida, sejamos mais novos ou menos novos. Coisas minhas. O meu receio não se centra no facto de um dia também eu envelhecer, não tenho receio de envelhecer, mas tenho receio de deixar de ter vontades mil.
ResponderEliminarBoa noite, AC. Aceite um beijinho desta Maria :)
partidas, chegadas e sim, muita saudade.
ResponderEliminareu só acho que não foi só o Poeta que inventou a palavra.
um belíssimo texto poético com uma imagem muito apropriada.
gostei!
beijo
:)
Entre o ir e o chegar, partir e voltar, tema que deu origem à palavra saudade, penso que na maioria das vezes, o importante é que as pontes que ligam as pessoas e, consequentemente, os afectos, se mantenham sempre intactas...
ResponderEliminarParabéns pelos seus belos textos, sempre impregnados de enorme sentimento.
Bom resto de semana, AC.
:)
Entre os que ficam e o que partem, o poeta construiu a ponte que os une. Excelente texto!
ResponderEliminarUm tema que me toca particularmente.
Beijinho comovido
Fê
Amei!!! A imagem e suas letras... e ainda por cima me encheu de saudade... de tanta gente...
ResponderEliminarUm beijo
Lindo e verdadeiro!
ResponderEliminarNão me considerando poeta, vivo esse «destempo»...
bjs
Entre partidas e chegadas a saudade é nossa companheira de viagem.
ResponderEliminarBelo, AC.
Beijinho.
Quando as vontades não se eximem do tempo é deslizar pelas saudades...
ResponderEliminarAbraços, poeta!
Foi o poeta que inventou a saudade? Estava em crer que tinham sido os portugueses ;) Se bem que em cada português há qualquer coisa de poeta. Bem, pensando melhor, em alguns que conheço nada mais há do que boçalidade.
ResponderEliminarBem, de partidas, chegadas e saudade percebo bem. Só não sei cantá-las de forma tão bela como o AC.
Beijinhos
Ruthia d'O Berço do Mundo