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Sergei Aparin, Via del Pellegrino
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Galgadas as últimas curvas, a urbe desenha-se, inesperadamente, em cores delicadas, apelativas, numa pequena baía pintada num azul mediterrânico.
Durante o dia não se vê vivalma, mas ao entardecer, prenúncio de todas as coisas, o pátio das casas, antecâmara do palco de trocas e baldrocas, começa a ganhar vida.
Durante o dia não se vê vivalma, mas ao entardecer, prenúncio de todas as coisas, o pátio das casas, antecâmara do palco de trocas e baldrocas, começa a ganhar vida.
Nas ruas, cenário de aprendizagens geométricas, o sol faz vénia à sombra, dando início ao desfile, enfeitado de subtilezas, em que se enaltece, mais que tudo, o gesto e o olhar, jogo de múltiplas promessas, quase todas vãs. Mas doces. Os aromas, moldados em partidas e chegadas, tendem em fixar-se em salsa e tomilho, impregnados, aqui e ali, de alecrim, mas é impossível ignorar, vinda dos lados do porto, a insinuação da canela. Os peregrinos do destino, embriagados pela envolvência do cenário, esquecem, por momentos, a delegação nos outros das suas atribuições.
Num qualquer pátio, em contra-mão, dedilhando uma guitarra, alguém teima em dissecar o caminho dos outros. Talvez, quem sabe, para reinventar-se a si próprio.
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Sempre gostei da forma como descreves os teus textos! É um convite a entrar em cena! Como se fosse a câmara de um filme...a conduzir a tua imaginação!
ResponderEliminarE rematas duma forma brilhante, depois de rodopiar, eis que, existe um ponto fixo mas emotivo, um ponto com alma, um ponto solitário, um ponto por onde todos os outros passam... e que através de todos os outros, torna-se sempre um ponto obrigatório.
Beijinho, AC !
:-)
Gostar de música é algo que não se pode explicar, mas algo se pode dizer: ninguém toca uma música igual a outro instrumentista e nem igual ao compositor, por mais que se conheça a vida do autor da canção, todos a interpretam à sua maneira. Um abraço, Yayá.
ResponderEliminarO teu texto - tão envolvente e belo como todos os que escreves- e a tela de Sergei Aparin, fizeram-me lembrar um Pátio Sevilhano.
ResponderEliminarUma guitarra dedilhada em tom nostálgico e as belas sevilhanas, fazendo rodar os longos vestidos de folhos e batendo o tacão no chão, ao som ruidoso dos 'Olés'.
Adorei este post. Tem salero, tem o perfume das ervas aromáticas e tudo o que eu gosto...
Beijinhos e obrigada, A.C.! :)
Agostinhamigo (I)
ResponderEliminarBem bom! como cantavam As Doce, bem bom!!!!!
Abç do Leãozão
Mais uma pérola...e revi-me porque por vezes, na viagem da vida ando em contra-mão, não a "dar música" mas sim para carregar as mochilas de quem tomba e assim conseguir que sigam "na sua vontade de...", marcando a diferença no "jogo de múltiplas promessas, quase todas vãs". Afinal de contas somos todos "peregrinos" a caminho de uma tabuleta com apenas três letras FIM!
ResponderEliminarUm bom domingo
Beijocas
Pintura em palavras.
ResponderEliminarCores, sons e odores do sul. :)
ResponderEliminargosto da sua escrita.
ResponderEliminarabraço!
uma "ambiência" mediterrânica muito bem descrita.
ResponderEliminar(tens razão A.C. - há muitas palavras derivadas de teixo. o que reforça a ideia da importância histórica da árvore)
abraço
Música e aromas... ambos falam muito do ser humano e e de onde estão. Nos reinventamos o tempo todo a partir do outro, mesmo de forma inconsciente. Diferente de sermos moldados. Abraços!
ResponderEliminarUm labirinto de palavras...que nos envolve como se fizessemos parte delas... perfeito...
ResponderEliminarOi, A. C. um belo texto que nos envolve a partir de uma imagem e nos leva a outras paragens e quem sabe outros tempos, tudo muito vivo, sabores , odores e música ao longe. Lindo!
ResponderEliminarUm abraço
Deliciosamente imagético este texto que cria o ambiente,
ResponderEliminaros aromas e as cores intensas de uma localidade bordada
por uma baía meridional, interior a Gibraltar...
Gostei do contraste entre a delicada expressão poética e
o frio surrealismo da pintura.
Dias encantadores.
Beijinho.
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Um pátio onde reina a sensibilidade das tuas profundas palavras e a liberdade das pombas! Adorei.
ResponderEliminarBoa semana meu Amigo AC.
Um beijinho
Estimado amigo poeta, muita habilidade para fazer com que o leitor penetre na cena. Eu me senti lá. Belissimo.
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ResponderEliminarUma das características mais marcante dos seus belos textos é puxar-nos para dentro deles .
Este é um exemplo . Quem não gostava de se sentar, também , neste lindo pátio e adormecer ao som de uma guitarra misturado com todos os aromas que por ali passeiam ?
AC muito obrigada por estes momentos de magia que tão bem fazem à alma .
Beijo grande e boa semana ,
Maria
Belo e envolvente!
ResponderEliminarDetalhes do cotidiano com fundo musical!
Feliz semana!
Como gostei da descrição deste ambiente! Senti-me envolvida nele e quase ouvi o dedilhar da guitarra. Muito belo!
ResponderEliminarUm beijo.
aromas, e música, que se ouve o trinar da guitarra.
ResponderEliminarum texto que me traduziu numa certa leveza de alma.
gosto!
boa semana
beijinho
:)
Há sempre uma guitarra
ResponderEliminara desbravar silêncios
Abraço
"O sol faz vénia à sombra" :))
ResponderEliminarO AC, sem cerimónia e com dedicação, faz vénia às palavras!
Um texto com aroma e sabor!
beijinho
Demais: "Os peregrinos do destino, embriagados pela envolvência do cenário, esquecem, por momentos, a delegação nos outros das suas atribuições.clique aqui."
ResponderEliminarBelo texto, parabéns!
bjs
O pátio, metáfora de palcos de vida.
ResponderEliminarMais um belo texto, com incidência descritiva mas pujante pelo léxico usado.
Bjo, AC :)
Este cenário descrito com tanta leveza e perfeita pintura nos faz forasteiro a querer delegar nossas obrigações e embarcar neste cenário com tantos aromas ao som de uma guitarra, e ali sonhar.
ResponderEliminarLindo e perfeito poema, parabéns.
Grande abraço, Léah
PS: Muito obrigada por seu comentário lá no meu blog na postagem 'A Adolescente'.
Abração, Léah
O que eu gostava neste momento de me reinventar...
ResponderEliminarBeijinho AC
Uma das coisas que adoro no Verão é a vida que se reinventa quando o sol se põe, as melodias que se dedilham numa esquina, a brisa que conseguimos finalmente apreciar. As sombras acrescentam algo ao que já conhecemos...
ResponderEliminarGrata pelo seus "acrescentos" sobre Alpedrinha e Castelo Novo. Infelizmente, esta última não me conquistou. Faltou talvez o guia certo.
Abraço
Ruthia d'O Berço do Mundo
Um pátio onde reina a serenidade, necessitava de um local assim para diminuir um pouco o meu stress.
ResponderEliminarBelissimo!
Um abraço
Maria
Poeta , sua delicada e profunda descrição nos faz desejar fazer parte deste local . É muito bom vir ao seu espaço pois a cada semana o deslumbramento é maior . Muito obrigada . Beijos
ResponderEliminarOs labirintos da urbe... onde tantos... percorrendo caminhos comuns... ou diferentes... tentam achar o seu próprio caminho...
ResponderEliminarComo sempre, por aqui, mais um texto formidável... leve... e, contudo, de uma profundidade e alcance incríveis!...
Beijinho! Continuação de uma excelente semana, AC!
Ana
Dentre os incríveis aromas da salsa, tomilho e até do alecrim, nada pode deter o exalar da insinuante canela. E a arte de reinventar-se, esta sim, pede um tanto imenso de poesia.
ResponderEliminarBeijos AC.
Caro AC,
ResponderEliminarAcredito que qualquer ambiente descrito pelo teu olhar
de poeta, a se inscrever nas tuas palavras de excelência
e inspiração, nos proporciona um momento mágico,
mergulhando neste cenário.
Nada como se reinventar a si próprio ao som de uma
guitarra, um Blues, creio eu?...rss
Uma semana inspiradora e na paz zen para ti!
Você parece ter um olhar precioso sobre o mundo.
ResponderEliminarA tua detalhada escrita me fez entrar em cena! Que visão!
Senti todos os cheiros, palmilhei todas as ruas e sentei-me a ouvir o som profundo da guitarra.
ResponderEliminarÉ assim que fico quando leio os seus esplêndidos textos, parabéns!
um beijinho
Que descrição! Não faltou o mais ínfimo pormenor.Palavras escolhidas com uma sensibilidade poética extrema.Gostei.
ResponderEliminarAbraço,
Bom fim-de-semana, de preferência com uma aragem fresca da serra, A.C.
ResponderEliminarO calor põe-me apática, amorfa e doente. :(
Um beijinho.
Bom dia!
ResponderEliminarDissecar a vida dos outros não leva a um bom caminho... mas o texto ficou lindo no seu todo!
Abraço muito fraterno
Quem pinta uma tela assim há de saber da alquimia das palavras: das cores faz sons, dos aromas luz: aos "peregrinos do destino" seduz.
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