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Fotografia de Júlia Tigeleiro
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Nas noites frias, quando os elementos, em cerco ancestral, teimam em legar-nos sinais, confrontando-nos com os limites, há algo que nos habita que tende a simplificar, a abrir fissuras que conduzam ao mais profundo de nós. Mas há portais que, por maior que seja a vontade, apenas reagem ao calor dos afectos.
Mesmo nas tardes quentes, quando a brisa parece apaziguar, em discreto afago, o esgrimir das pontas soltas, há sempre algo adormecido na sombra, em paciente espera, em conluio com o pousio.
Por mais que se debata, por mais que se legisle, não há horas, não há dias. O tempo, velho conhecedor do desassossego, insinua-se fora das normas dos homens, escarnecendo deles, como que a recordar-lhes que, para entenderem a vida, muito terão que trilhar para lá da sua exígua zona de conforto.
A vida, para lá dos tratados convencionais, é um enorme rio em que qualquer um se poderá perder, ou encontrar, num qualquer sucedâneo de afluente.
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Adorei a analogia... a vida é mesmo como um rio, no qual cada um fará a sua travessia...
ResponderEliminarComo sempre, um texto notável... mais um... e por isso... não admira que eu tenha levado umas palavrinhas daqui, emprestadas, lá para o meu último post...
Beijinho! Bom domingo!
Ana
Obrigado, Ana.
EliminarAinda não fui visitá-la - ainda não consegui a fórmula para me libertar dum trabalho quase escravizante - mas prometo que, muito em breve, irei visitá-la.
Um beijinho :)
Que essa travessia seja feita em águas calmas para que possamos desfrutar bem de todos os espaços sem perigo de afundar por pequenos descuidos. Boa semana!
ResponderEliminarA travessia da vida nunca é feita só de águas calmas, Anabela, embora todos as desejem.
EliminarObrigado pela visita!
Esperamos sempre que o rio nos proporcione uma travessia calma ou que nos leve na sua corrente para locais calmos e harmonisos.
ResponderEliminarImagem com uma cor muito invulgar. Bonita.
Bjos
Uma coisa é o desejo, Catarina, outra é a diversificação do tempero da viagem. ;)
EliminarUm beijinho :)
Mais um texto belíssimo. A vida será um rio, e quantas vezes perdemos o norte e ficamos à deriva.
ResponderEliminarUm abraço e bom domingo.
A deriva é uma companheira de aprendizagens, Elvira. Percebendo-se as suas movimentações, e domado o pânico, muuitas correntes benéficas poderão sair dali.
EliminarUm abraço
Olá, Ac, cheguei emocionado ao final do seu texto... o quanto há de se trilhar para que a travessia nos dê, afinal, a chegada esperada? Percebo hoje que a zona de conforto precisa servir como pouso em momentos pontuais, jamais como um estagnante objetivo de vida.
ResponderEliminarSeu texto me fez pensar que é duro quando nos perdemos, mas às vezes essa é a única forma de se encontrar efetivamente.
Abraços!
Não vou adiantar mais nada, Bia. Gostei do que o seu comentário transmitiu e... ponto.
EliminarAbraço
Há certas pontas soltas que poderão nunca se perder em afluente algum e outras nunca se chegam a encontrar nem que seja um enorme rio que desagua no mar. O rio da vida passa tão depressa e nem sempre estamos atentos. Boa noite AC
ResponderEliminarPois é, GM, a vida é um desafio à altura de cada um.
EliminarAbraço
E as portas nunca param de serem descobertas, num constante perder-se, encontrar-se. As fotos da Júlia são demais, assim como suas prosas. Juntos maravilho-me! Beijos nos dois.
ResponderEliminarA vida é um eterno jogo de escondidas, Luiza.
EliminarObrigado pelas palavras amáveis.
Beijo :)
Um texto de luxo conseguido num crescendo como se fosse rio, afinal a vida. Dum inicio literalmente em tom frio singelo até à foz final onde as águas correm apaziguadas. E até nem faltam as agitações dos declives pedregosos, as fissuras da erosão que afunda, aprofunda, nem o remanso das águas dormentes. Tudo se encontra e tudo é vida. "Vidas" que se sequenciam na correnteza do leito: o rio, a Vida.
ResponderEliminarE o conduto das imagens a estimular os sentidos do leitor? "portais ... reagem ao calor dos afectos", "a brisa ...parece apaziguar, em discreto afago", "esgrimir as pontas soltas", "conluio com o poisio", "o tempo, velho conhecedor do desassossego"...
Grande abraço.
Um rio com águas por vezes muito agitadas.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
O rio da vida onde todas as emoções são possíveis. Dos afluentes vamos recebendo e distribuindo, vamos perdendo e ganhando. A vida é realmente um rio que corre dentro de nós. Obrigada por ter encontrado no meu olhar inspiração para tão belo texto.Um forte abraço.
ResponderEliminarPara percorrer este rio, além de ser obrigatório sair da nossa zona de conforto , saber nadar é inprescindível .
ResponderEliminarUm beijo AC ,
Maria
Mistérios que nos desassossegam! A vida se revela a cada instante nas entrelinhas de um suspirar!
ResponderEliminarTempo de brisas e poesias!
Amei ler!
Feliz semana!
Beijo carinhoso!
E descobrimos que todos os rios do mundo nascem por cima dos nossos olhos...
ResponderEliminarUm texto maravilhoso!
Uma boa semana.
Beijos.
Um belo texto ...na vida como num rio vagamos, às vezes por águas profundas, às vezes por águas mansas, entre seixos e cascatas, de madrugada ou a noitinha em solidão ou angústia, mas temos como
ResponderEliminarúnica certeza que faremos parte do mar imenso onde todos os cursos
se unirão.
Um abraço
Textos como os teus, sobretudo este, carregado de beleza e poesia, não são para dissecar com análises feitas de floreados...são para ler com os olhos da alma, sentir-lhes o sabor e ficar degustando, lentamente, palavra a palavra...
ResponderEliminar(Foi esta a conclusão a que cheguei, depois de muito aqui vir. :) )
O tom, lilás, da foto, está um espanto.
Um Beijinho, A.C. :)
Sair a navegar, para lá da zona de conforto, não é para todos.
ResponderEliminarFelizmente o poeta é corajoso.
Abraço e votos de um ano inspirado
Ruthia d'O Berço do Mundo
Espetacular!
ResponderEliminarNavegamos, pela escrita, em concordância :))
Beijinho
Gosto do teu bom gosto
ResponderEliminarGosto de analogias, alegorias, metáforas
Tanto, que até as uso
nem sempre ao nível do que aqui encontro
mas, humildemente, te pergunto:
Se a nascente é pouca e a chuva não abunda
onde o rio com água
e corrente
que nos chegue?
Onde?
Eu até te respondia, Rogério, mas quem assim questiona tem as suas próprias respostas, balizadoras de tudo quanto o rodeia. Ou não?
EliminarTodos vamos nessa travessia. Há uns quantos que julgam que não, mas vão e faço minhas as tuas palavras cheias de tudo:
ResponderEliminar"como que a recordar-lhes que, para entenderem a vida, muito terão que trilhar para lá da sua exígua zona de conforto."
Beijos
Estamos sempre a fazer travessias..
ResponderEliminarGosto sempre de vir ler os teus "sinais".
Bjo, AC
aqui a vida é como um imenso rio onde todos precisamos de fazer a sua travessia, e muitas vezes (muitas) a zona de conforto é abandonada.
ResponderEliminarum texto magnifico, como sempre!
beijo
:)
E que possamos ter clareza em relação ao fluir das águas deste rio, representado pela vida. Que saibamos, com consciência, fazer as escolhas adequadas.
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