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A subida, sempre a pé, era árdua, exigindo do caminhante determinação e boa forma.
Ultrapassados os cerejais, com o fruto, recém-nascido, a irromper para lá da flor, a inclinação acentua-se. E nem os castinçais - manancial de matéria-prima para os últimos cesteiros de Alcongosta - com a folhagem a querer romper, amenizam o esforço.
O granito, austero, começa a assomar, conferindo diferentes contornos à caminhada. Para lá de um ou outro pinheiro, as giestas, pintalgando a paisagem de branco e amarelo, começam a predominar, cedendo, a pouco e pouco, o lugar à vegetação rasteira, com pacto com todo o tipo de ventos. O granito, omnipresente, mantém-se fiel, qual guardião duma outra dimensão. O horizonte alarga-se, a cada passo, numa visão panorâmica que nos convida, muito lentamente, a rodopiar, a desafiar as amarras do tempo. Uma leveza profunda, imune ao cansaço, começa a insinuar-se e, quase sem nos apercebermos, sentimos vontade de abraçar. Chegara a hora de falar com os deuses.
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AC, Gardunha, com Marateca ao fundo
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Que lindo e que vista maravilhosa!
ResponderEliminarbjokas =)
Como disse Torga: Só quem sobe à montanha toca o céu. Na terra chã ninguém se transfigura"...
ResponderEliminarAdorei o texto.
Beijos.
Que o bonito!
Eliminar:)
Belo texto; amei as fotos. Sei como é a sensação, porque aprecio as escaladas e, mesmo se o cansaço vem, sempre parece que o esforço é recompensado quando temos o mundo a nossos pés. Ou achamos que é assim...
ResponderEliminarAC
ResponderEliminardelicioso texto, e termina com uma paz tão peculiar e tão tua.
as fotos estão em perfeita sintonia com o texto.
boa semana.
beijinhos
:)
Belíssimo texto, gostei imenso a forma como descreves esta tua caminhada!
ResponderEliminarAs imagens fizeram-me recuar no tempo em que fui ao Fundão visitar uns amigos, que me levaram a conhecer a Serra da Gardunha.
Ah e adoro as giestas em flor.
Meu amigo continuo um pouco afastada dos blogues por motivos de saúde de um familiar muito próximo que acompanho diariamente.
Beijinho AC
Por aqui me quedo, entre as tuas palavras e a soberba paisagem.
ResponderEliminarOs olhos seguem as palavras, o sentimento de profunda quietude vai-me invadindo devagarinho...Só tu para nos alargar os horizontes...
Que bem sabes chegar-nos ao fundo da alma e trazer à superfície o que de melhor temos cá dentro. :)
Um beijinho e parabéns, A.C.
Se há prazeres e emoções que prezo é subir a serra e uma vez lá, olhar em volta a paisagem sublime. Lindo AC.
ResponderEliminarAh, lindo!
ResponderEliminarAs palavras tocam as nuvens e caem como chuva em nós...
Descrições belíssimas! Sinto vontade de subir...
Beijos =)
Um abraço de infinita duração...adoro te ler, tuas palavras sempre me tocam fundo.
ResponderEliminarBeijinho!
Com uma paisagem dessas a inspiração aparece facilmente e o diálogo com os deuses vê-se simplificado.
ResponderEliminarAquele abraço
Chegar aos deuses não é para todos. É para quem sabe apreciar e tem no esforço a têmpera dos heróis. Bela prosa, amigo AC, a desafiar os tímidos para a arte da levitação. Tive pena que o herói não tivesse partilhado a experiência conjugada nos cinco sentidos. Mas isso, seria pedir de mais.
ResponderEliminarAbraço.
Este teu texto chega a menos de 15 dias da minha partida de Santiago de Compostela rumo a finisterra. São os troços de montanha os mais bonitos. Em que o próprio esforço físico nos faz estar menos com os outros é mais connosco próprios.
ResponderEliminarO que me custa mais - são as descidas!
O que me dá prazer - textos como os teus! :)
Belo texto, AC! E para se contemplar uma vista com esta, o cansaço pode até ser esquecido.
ResponderEliminarEu aprecio muito vistas como esta. Ajeitaria um cantinho, para sentar, e ficar um tempinho, apreciando, sentindo...
É sempre inspirador subir uma montanha e lá chegando o céu fica um pouco mais perto ...então ouvimos vozes dos deuses...muito bom!
ResponderEliminarum abraço
Caro AC,
ResponderEliminarO silêncio num lindo cenário (paisagens belíssimas...)
convida a este diálogo com os "deuses".
A unidade com a natureza no espelho do rosto de deus,
nos permite uma amplitude na pacificação.
Beijo.
Dás voz à serra da Gardunha e às belíssimas esculturas graníticas e, entre elas, o teu passo ganha leveza e melodia.
ResponderEliminarBeijinho, AC.
Fotos fabulosas e um texto de se tirar o chapéu. Portugal tem locais maravilhosos onde podemos falar com os deuses pena é que infelizmente já começaram os fogos que destroem tudo e na maioria pela "insanidade" de uma minoria.
ResponderEliminarBeijocas e um bom fim de semana
Senti-me tão perto que também falei com os deuses... Experiência de transmontana!
ResponderEliminarBelíssimo texto e fotos.
Bjinho, AC
Quem me dera ter um monte só para mim...
ResponderEliminarFica um beijinho com um pouquinho de inveja :)
Um subida aos céus, este texto e estas imagens.
ResponderEliminarUm beijinho AC
Eis teu céu interior
ResponderEliminarQue buscaste externamente
Por caminhada pungente
A uma visão de esplendor.
Dentro de ti, o amor
Incendiou tua mente
Ao ver um céu diferente
Do céu de tua alma em flor
Que tu o poderias ver,
No interior do teu ser,
Teu céu de contentamento
Velado pelo prazer
De perto do céu rever
Sonhos na aragem do vento.
Grande abraço. Laerte.
Mais uma vez... uma percurso notável... em palavras... que nos fazem agradecer aos deuses... termos o privilégio de as ler...
ResponderEliminarComo sempre, um trabalho excepcional, AC!... Sempre inspirador...
Beijinho
Ana
Lindo o texto, e a paisagem inspiradora :))
ResponderEliminarbeijinho