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AC, Gravura rupestre do Poço do Caldeirão, rio Zêzere
.Esgueirava-se, por entre as giestas, tentando ver e não ser vista. Tinham-lhe dito que, a meio da manhã, passaria por aquelas bandas a Senhora dos Santos Bichos, a fim de esconjurar a maleita, e não queria perder a ocasião de lhe dirigir uma dúzia de palavras, ou pouco mais, a fim de colocar um açaime nos seus medos.
O andor, transportado por quatro acólitos, que precediam o padre, emergiu da curva do Carvalhal Redondo, transmitindo alguma solenidade ao acto. A Russa, ciente da ocasião, ajeitou a saia, passou a mão pelo cabelo e aguardou, ansiosa. Quando o cortejo passou à sua beira, deu um salto para o caminho, prostrou-se no chão e, baixando a cabeça, inquiriu:
- Senhora dos Santos Bichos, minha santa, é verdade que anda um bicho à solta por aí?
Ninguém respondeu, o cortejo seguiu em frente. A Russa, não se contendo, exclamou:
- Homessa! Mas eu sou algum bicho do mato, ou quê?!
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Não sei porquê, AC, mas estes últimos escrito não me parecem escritos por si. Estranho... ou talvez não.
ResponderEliminarSaudade daqueles olhares genuínos sobre a Natureza e a natureza das coisas e dos homens.
Lídia Borges
Estava a precisar de ouvir isso. Obrigado, Lídia.
EliminarA crendice ainda é um dos maiores males dos nossos tempos.
ResponderEliminarAquele abraço, boa semana
Somos todos bichos uns mais à solta do que outros e não era numa procissão que teria a resposta.
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
Os bichos. Às vezes nem há quem repare neles, mas sabem esgueirar-se entre giestas e esconder-se debaixo das pedras para que a luz não lhe fira o olhar...
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
De repente aparece uma D.Lídia que dá voz ao meu pensamento, grata a ela.
ResponderEliminarBom dia, sô AC
Concordo com a Lídia AC, é preciso ser suave nesses tempos. Apesar do que eu adoro tudo que escreves. Tudo ou quase tudo. :) um beijo
ResponderEliminarTradições ganham força em tempos de medo. Mas dias de medo podem ser, também, ocasião para ruptura com os velhos costumes e crenças. Eu coloco tudo na conta do folclore.
ResponderEliminarUm abraço, tenha uma ótima semana!
É nas alturas de maior crise mundial... que florescem mais movimentos religiosos... pergunto-me se para legitimar o comportamento colectivo de tantos animais, por vezes...
ResponderEliminarAgora, até alguns movimentos haverá, com vista a desmotivar o uso de máscaras, para resolver um problema de saúde pública, à escala global...
Como já alguém disse... as religiões tal como as luzes, precisam de escuridão, para brilhar...
Enfim!... Valha-nos a Senhora dos Santos Bichos... porque o mundo está literalmente entregue a eles...
Beijinho
Ana
Quando a vida se precipita pelos desfiladeiros até Senhora dos Santos Bichos se cuida... Mas a linguagem é sempre irrepreensível...
ResponderEliminarUm abraço, caro poeta!
AC
ResponderEliminarUm pouco diferente este trecho, mas eu gostei de ler.
E que o bicho anda por aí, isso anda!
Bom domingo
Beijinhos
:)