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Pegou no saco de carvão vegetal e, com os devidos cuidados, abasteceu o grelhador. Aplainou o nível da negra substância, colocou a grelha cerca de 30 cm acima do carvão e colocou os pedaços maiores do carburante por cima da grelha. Depois, socorrendo-se da lenha miúda que fora acumulando no outono anterior, dispôs os gravetos por cima do carvão. Acendeu duas pinhas, colocou-as em locais estratégicos no meio da lenha e aguardou que a combustão se desenvolvesse, qual desígnio com fim bem controlado.
Saciado o apetite voraz do lume, com desenhos incandescentes, sempre em fase crescente, a querer dar mostras de gente crescida, às tantas, com o carvão na parte superior da grelha já a crepitar, era hora de envolver a camada superior com a inferior, qual rasgo de homogeneidade, não fosse o diabo tecê-las. E assim se misturou o carvão elevado na superfície da grelha com a arraia miúda do purgatório, qual inferno sem Dante. Mas, dou-me conta, há quem cante, nem que seja eu, com muitos sorrisos de permeio.
Com o lume estabilizado, era hora de colocar as douradas (da Madeira, dizia o folheto) na grelha. E o grelhado, com a bênção de cinco paredes, ficou mesmo a preceito, com o manuseador a usufruir da bênção da ausência da sexta parede.
Quando levou as douradas para a mesa, com o azeite e o vinho da região já a postos, do fogão tinham acabado de sair alguns legumes cozidos a preceito, não fosse a ocasião arrefecer. Tudo a combinar, tudo em harmonia, tudo em prol da compreensão e do usufruto da vida.
Através da vidraça, enquanto se degustava, viam-se duas andorinhas pousadas no estendal da roupa, muito compenetradas, pondo a conversa em dia. Não falavam das douradas, tenho a certeza. O desdém pelo meu contentamento era compreensível, elas tinham muita roupa para lavar. :)
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Que inveja, sou uma lástima a fazer brasido, pelo que, o meu atum fresco, vai sair mesmo na chapa e alegrar o meu jantar, sem andorinhas :)
ResponderEliminarBoa tarde, sô AC
Andorinhas têm outras preferências rsrssss
ResponderEliminarBelo texto. Tenha um ótimo restante de semana.
Gostei imenso da música e sobretudo da paz e união de esforços que senti neste teu texto maravilhoso. Adorei|
ResponderEliminarBeijos e uma boa noite
Boa noite de paz, AC!
ResponderEliminarUma mensagem muito tranquilizadora em tempos conturbados, necessitados de milagres mil.
Oxalá sejam eles imediatos!
Gostei muito da prosa poética que li aqui, com perfume de flores.
Tenha dias abençoados com saúde, paz e Amor!
Abraços fraternos
Ora muito bem. Imagino essas douradas e os legumes, uma delícia. As andorinhas acompanharam :))
ResponderEliminarAdorei a musica!
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Embriaguei meu coração ...
Beijos. Boa noite
Saia uma para Macau!
ResponderEliminarDourada, obviamente.
Abraço, bfds
Um excelente texto. Ao tempo que não como uma dourada grelhada no carvão.
ResponderEliminarE as andorinhas que todos os anos me vinham alegrar a varanda? Nunca mais as vi desde que no campo em frente se ergueram um supermercado da Lidl e um MacDonald.
Abraço, saúde e boa semana
Que boas devem ter ficado as douradas grelhadas no carvão. Penso que as andorinhas já andam por aqui também. Adorei ouvir a Teresa Salgueiro. Gostei muito do texto.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Que momento tão bom!
ResponderEliminarTudo.
As douradas a música e em especial para mim, as andorinhas.
Gosto muito delas.
Tão serenas e tão bonitas as suas palavras.
Brisas doces **
Um delicioso e aromático momento... também para mais tarde recordar e voltar a saborear... muito bem complementado com o aveludado timbre de Teresa Salgueiro, que é sempre uma maravilha recordar...
ResponderEliminarAbraço
Ana