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Para o Carlos.
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Procurava-se, sempre se procurou, mas, enquanto procurava descortinar o que o movia, e para onde se projectava, nunca deixou de olhar para os outros. Talvez porque, no mais íntimo de si, soubesse que, sem cumplicidades, todo o esforço seria em vão.
Foi assim que nos conhecemos, sem amarras, numa encruzilhada de procuras. Conversámos, partilhámos músicas e livros, palmilhámos sete cantos. Sempre com a cumplicidade de permeio.
O tempo passou, os caminhos foram diversos, com encontros de permeio para partilharmos convicções, motores de novas construções, mas ficou para sempre a cumplicidade, tornada eterna amizade.
Ultimamente tem andado arredio, mas não por culpa própria. Para além da pandemia, bolso sem fundo para todas as desculpas, sou eu, demasiado ancorado na minha pretensa autonomia, que estou em falta, esquecendo, por vezes, o mais básico: a cumplicidade, longe de ser arrumada na estante como um bem adquirido, tem que, tal como o amor, ser bem tratada, bem cuidada, bem regada. Só assim os frutos serão perenes.
Seja como for, e para o que der e vier, tenho a certeza de que ambos sabemos cuidar do nosso jardim.
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Bela confissão de «Mea Culpa».
ResponderEliminarAssim é que eu gosto. Reconhecermos em nós, qualidades e defeitos, já que, afinal, todos somos humanos, com as nossas forças e fraquezas.
Desculpa perguntar, AC, mas, neste teu texto com destinatário específico, sem imagens nem ilustrações que não as tuas sábias palavras, porque razão figura na 'Etiqueta', o nome da pintora Margarida Cepêda?
Um beijinho. :-)
PS- Desculpa mas a Maria Antonieta vai entrar em cena novamente. No postal que agendei para as 17:00 vais perceber a razão.Se o leres, claro.
Obrigado, não só pelas palavras, mas também pela chamada de atenção em relação à etiqueta. É que tinha lá uma imagem da Margarida, mas acabei por achar que não vinha a propósito. Resolvi, então, retirá-la, mas ficou a etiqueta. Que também já sumiu, graças a ti. :)
EliminarUm beijinho, Janita :)
AC,
ResponderEliminarA amizade precisa de ser bem tratada, cuidada, regada, como frisou, mas andamos tão voltados para dentro...
Quando tomamos essa consciência e assumimos a nossa falta, os amigos decerto nos desculparão.
Escrevo no plural porque me revi na mesma situação, só que não é com o Miguel (:
Beijinho e continuação de boa saúde
Fê
Quem não reconhece o que tu acabas de escrever não é amigo. Há dois meses perdi uma amiga e estive sempre presente com palavras correspondidas porque presente não poderia estar e ela muito menos.
ResponderEliminarGostei muito e comovi-me!
Beijos e um bom dia
Comovente. E assim vamos ficando mais sós.
ResponderEliminarBeijo e um forte abraço.
Essa cumplicidade há que ser sempre regada, pois tem imenso valor. Abraço.
ResponderEliminarHavendo verdadeira amizade... por mais tempo que passe... a cumplicidade recupera-se na hora... pois não há espaço para ervas daninhas...
ResponderEliminarA vida, por vezes, é assim mesmo... ora aproxima... ora afasta... para mais nestes tempos estranhos que atravessamos... em que andamos a aprender a saber conviver, muitas vezes... com nós mesmos... em circunstâncias impensáveis!...
Beijinho
Ana