domingo, 17 de janeiro de 2010

OPINION MAKER

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Era um jovem promissor. Com talento natural e uma ambição desmedida, atirou-se ao mundo cheio de entusiasmo.
Depressa percebeu que o que Deus lhe dera, os homens não reconheciam: a César o que é de César, a Deus o que é de Deus. E, bem recomendado, foi ter com César.
Conheceu as pessoas certas, convenceu-as do seu talento, e em breve foi testado num dos múltiplos cargos controlados pelas teias do poder. Mostrou serviço e conquistou a confiança de César.
Tempos depois um jornal convidou-o para colunista, e César telefonou a felicitá-lo. Agradeceu. Começava a ter nome na praça e sabia quem lhe tinha aberto a porta.
Com inegável talento depressa conquistou os leitores. A sua opinião era considerada e fazia-se pagar bem por isso.
Um dia, quando a opinião pública andava agitada com uma determinada medida de César, recebeu um telefonema de preocupação. Percebeu, então, que tinha chegado a hora de começar a pagar a factura.
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4 comentários:

  1. Pois, muitos começam assim. Faz-me lembrar aquele livro do Camilo, A Queda de Um Anjo.
    Um abraço, amigo!

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  2. anapaula (anascensão)20 de janeiro de 2010 às 10:39

    Confesso que pensei que este texto tinha outra intenção, mas, hj fiquei satisfeita e sorri ao ler outra crónica. Obrigada prof. Agostinho.
    É sempre um prazer ler os seus textos. Não deixe de escrever, porque nos (me, habituou mal e depois parece que falta algo.

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  3. Essa de pagar as faturas é que é o princípio do fim da alma.
    Mas que bloco pequeno e cheio de sumo.Espantoso!!

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  4. Um homem quando nasce escolhe um de três caminhos, para além dos quais não há outros:
    segue pela esquerda e come os lobos;
    segue pela direita e é comido pelos lobos;
    segue em frente e come-se a si próprio.


    (Anton Tchekhov)

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