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AC
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O dia está sorridente, com o sol, maroto, piscando o olho à minha pré-reforma, como que a dizer-me que está tudo bem, tudo irá continuar bem. É um mentiroso, mas sorrio para o presságio, tal como se uma cigana de feira me lesse a sina. E aconchego-me aos seus raios, com chapéu a prevenir, não vá o diabo tecê-las.
Lá fora já não se dá pela presença de muita passarada, entretanto emigrada. Os pardais, contudo, inquilinos de tudo o que é habitável, continuam a palrar, a debicar, a chapinhar numa ou outra poça de água de ocasião.
As moscas tendem a esvair-se, hurrah!, as formigas começam a aninhar-se, mas as borboletas, persistentes, continuam num contínuo esvoaçar, obedecendo à melodia da luz do dia, num eterno bailado em busca do melhor local para depositarem os seus ovos. O mundo, no que lhes diz respeito, jamais findará.
Os gatos, na ausência do cão, voltaram a instalar-se no terreno, quais donos e senhores dum território que lhes é prazenteiro. E, para dar crédito às minhas palavras, uma gata prenhe, que pelo volume do ventre deve estar prestes a fazer jus à harmonia da criação, pavoneia-se, lentamente, na calçada que circunda a casa, como se tudo estivesse no seu lugar.
Renuncio, por momentos, à minha postura de observador, tento reconciliar-me com a prática do afã do bípede supostamente inteligente. Munido duma enxada que, segundo Jorge Luís Borges, é um instrumento que prolonga o braço do ser humano, acabo de tirar da terra o último quinhão de batata-doce. Lavo-a, ponho-a ao sol para secar, mais tarde irá para a despensa. A maioria, está mais que decidido, para assar no forno.
Olho para o céu. Ainda é cedo para as aves de rapina, mas uma ou outra já cavalga o céu, à espreita da sua oportunidade. Devem estar inquietas com o preguiçar duma ou outra cria, que tarda na emancipação. E eu, perante a grandiosidade daquilo que me rodeia, renegando a condição de mais sofisticado predador, retiro-me, humildemente, para o meu abrigo.
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Fotos e palavras maravilhosas. Sempre assim aqui.Um encanto! abração, tudo de bom,chica
ResponderEliminarTexto lindíssimo que me fascinou ler.
ResponderEliminarPois se calhar não será má idéia descansar no seu canto. A vida é dura.
Cumprimentos poéticos
Ah, mais uma pintura em prosa... Suas fotos, como sempre, estão maravilhosas, expressando todo o clima que as palavras retrataram.
ResponderEliminarSol de outono, por aqui, só no próximo ano. Estamos na primavera, o dia está quente, o sol brilha, depois de duas semanas de clima rabugento.
Um abraço, estou aguardando mais textos ( e mais fotos!).
As fotos são fabulosas. As palavras, pinceladas de singeleza numa sequência de tons terra, quentes e mate, que so se conseguem quando o pintor sente o que pinta e, quem olha, sente-se lá, como fazendo parte.
ResponderEliminarBoa tarde, sô AC
O tempo tem sorrido, mas avista-se a chuva no horizonte!
ResponderEliminarAdorei o texto!
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Enquanto eu sentir esta força de viver
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Beijos e uma boa noite!
gostei do texto e das fotos
ResponderEliminarGosto das fotos, mas o texto é soberbo. Enquanto lia, parecia-me estar a assistir à cena de um filme.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Tranquilidade, paz, sossego.
ResponderEliminarNas palavras e na imagem.
Forte abraço
As fotos são excelentes e gostei imenso da descrição feita no texto sobre o teu "paraíso". Ai quem me dera...ai quem me dera...!:)
ResponderEliminarBeijos e um bom dia
A preparar-se para um ambiente bucólico a tempo inteiro?! :)
ResponderEliminarQue hajam muitos momentos contemplativos como esse.
Abraço
Fotografias magníficos e texto maravilhoso!
ResponderEliminarÉ o outono a deixar os seus rastos....
Beijinhos,
Ailime
Um texto bucólico, pacífico mas... onde não faltam os abutres. Gostei do clima.
ResponderEliminarUm abraço.
Palavras em tons dourados de Outono. A foto sem limite do azul celeste.
ResponderEliminarbeijinhos
Uma bela crônica acompanhada pela beleza das imagens fotográficas.
ResponderEliminarVou lendo e imaginando tudo o que você descreve. Gosto de textos assim. Despertam a minha imaginação.
Grande abraço
Poeta , vir ao seu espaço é maravilhar-se. Agradecerei sempre a partilha generosa e também sua visita ao meu blog que anda meio dorminhoco , rs. Beijos
ResponderEliminarE a paz se faz na troca das estações... quase me transportei
ResponderEliminaratravés de suas palavras.
Um abraço
Visuais, as suas palavras, levam-me a ver e a ouvir tudo o que aí se passa. Mas que paz! Também gosto das batatas doces assadas.
ResponderEliminarContinue a cuidar-se.
Uma boa semana.
Um beijo.
Sempre um gosto imenso, vir aqui apreciar e respirar esta paz... que me remete para outros tempos idos, passados numa pequena aldeia da Beira Alta, que me preenchia uma grande parte das minhas férias de Verão...
ResponderEliminarPura maravilha, AC! Beijinhos! Continuação de uma feliz semana, com saúde!
Ana