terça-feira, 20 de julho de 2010

ASAS

.Margarida Cepêda, Sobre o rigor da geometria, o véu diáfano da fantasia
.
.
Quando chegava o verão
Sentavas-te
À tardinha
Debaixo da figueira
Onde a brisa
Suave
Anunciava
O rumor das cotovias
Então pegavas
Delicada
Na minha mão
E contavas
Baixinho
Era uma vez um potrinho
Que adormecia
Feliz
A ouvir
As histórias do vento...
Sentia-te perto
E o tempo
Adormecido
No cantar do ribeiro
Parava
Enlevado
Para nos ver
Assim eram os dias
No tranquilo paraíso
Em que desenhavas
Minuciosa
O crescer das minhas asas
E eu sentia
Maravilhado
O vigor do teu voar.
.
.
.
reedição
.

49 comentários:

  1. Sem certezas e com muitas duvidas, arrisco a dizer que essa mensagem se destina à sua progenitora. Li e reli e foi assim que o entendi, porque tambem o sinto em relação à minha. Que saudades eu tenho do colinho da minha mãe, na varanda, nas noites de Luanda,dos cheiros, dos sons, enfim, é tão doloroso esse pensamento que dói. Mas é bom na mesma. Contava-me histórias, e quando o não fazia, bastava o colinho, o afagar dos cabelos (longos e encaracolados, como ela gosta de lembrar), o sentir que ela estava ali. Preparava-me para os voos, que nem ela imaginava, eu teria que fazer, sózinha. Com seis anos tudo mudou,repentinamente, a parte negativa marcou-me, mas do que foi bom eu quero embrar sempre. Gostei ... quem nasceu em Africa não esquece fácilmente, vivemos e sentimos de maneira diferente,todas as coisas. Bem haja.

    ResponderEliminar
  2. Agostinho!
    Como é belo sentir a brisa debaixo de uma figueira com o rumorejar das cotovias nas tardes quentes de Verão. Como é bom sentir saudades de tempos idos e de bons momentos vividos.
    Sempre com histórias ternurentas. Bem - Hajas.
    Agora se a Comentadora anterior não me levar a mal deixe-me dizer-lhe que também eu tenho saudades das noites de Luanda. Ainda tenho Mãe, Graças a Deus. Mas as saudades da brisa do mar e do cheiro da terra de Luanda nunca mais se apagarão da minha memória (enquanto estiver lúcido).
    Abraço Amigo por reeditares tão belo poema.
    Caldeira

    ResponderEliminar
  3. Tem um poetar cativante porque sério e belíssimo.
    Fiquei com pena de não ter sido eu a escrever este.

    Realço:

    "Assim eram os dias
    No tranquilo paraíso
    Em que desenhavas
    Minuciosa
    O crescer das minhas asas
    E eu sentia
    Maravilhado
    O vigor do teu voar".

    Sublime!

    L.B.

    ResponderEliminar
  4. Tão calmo mas tão forte... e os anjos que nos escreveram no coração as asas para voar a vida quantas vezes arrancaram as penas das suas para fortalecer as nossas.

    Tão encantador

    Um beijo

    ResponderEliminar
  5. Asas de cotovias...também quero!
    Nem sei para onde iria, mas a sensação de leveza que me ficou ao ler seu texto pressupõe que poderia muito , muito além de...

    As palavras em suas mãos formam um bordado de sonhos e rendas. Fluido , quase imaterial.

    Beijo.

    ResponderEliminar
  6. Memórias assim, contadas em versos, faz-nos atentos, ouvidos afinados para ruflar as asas que se guardam, como em crisálidas, na esperança de que a cor se dê de novo, a cada vez que são relembradas.

    Lindo seu trabalho.

    [E muito grata pela visita!]

    "Hábraços..."
    .
    .
    .
    Katyuscia

    ResponderEliminar
  7. Tua sensibilidade é brilhante!
    Feliz Dia Amigo Querido!

    Beijos para ti com carinho e obrigada por teus encantos em meu blog.

    ResponderEliminar
  8. Sentir a protecção superior num ambiente idílico como esse - " Onde a brisa
    Suave
    Anunciava
    O rumor das cotovias" - transmite uma sensação de paz e tranquilidade que ajuda muito ao "nascer das próprias asas".
    Disfarçada, mas nem por isso menos bela, homenagem à progenitora.

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  9. A imaginação perene dos dias ... lindo...

    Belissima imagem...

    bjos

    ResponderEliminar
  10. O Amor nunca deverá ser responsabilizado por dores,perdas ou danos e tem amplos poderes para neutralizar todas as batalhas, sejam elas emocionais, familiares ou sociais...FELIZ DIA DO AMIGO,
    BOAS ENERGIAS!
    Beijos,
    Mari Amorim
    Brincando Com a Rima

    ResponderEliminar
  11. Em qualquer estação do ano...
    Não importa o momento do dia...
    Debaixo ou em cima :) de qualquer árvore de fruto...
    Ouvindo o canto de qualquer ave...
    Dentro ou fora do paraíso...
    Com ou sem asas...
    ...voarei sempre com as asas de quem no berço me amou.
    Assim, sabendo dessa estrutura tão bem desenhada, não tenho medo e sei que posso perder-me nas alturas da tua poesia.

    Beijo

    ResponderEliminar
  12. A ternura inscrita em cada palavra, ao sabor da brisa e paz catantada da água, a correr no ribeiro.
    A memória do tempo alicerce, na mão que guia, acaricia e embala. Momentos eternos, no crescer das asas.

    Achei o poema lindo e tocou-me, como Mãe e como filha também.

    Um beijinho

    ResponderEliminar
  13. E assim

    as palavras são pássaros

    e cantam correntes

    como se fossem água

    e são

    Gostei do seu poema
    e agradeço

    ResponderEliminar
  14. E eu aqui fiquei deliciada lendo devagarinho...também adoro sentar-me debaixo da minha figueira, só que a minha não tem regato por perto mas, tem melros atacando os figos.

    ResponderEliminar
  15. Esqueci-me de dizer que sou amiga de infancia da Margarida Cepêda.

    ResponderEliminar
  16. Por momentos voei até debaixo dessa figueira…
    Fiquei emocionada com a beleza das histórias
    Que por lá…e por cá se contam…
    Uma ternura!
    As mães são as mais belas roseiras
    Que a Natureza plantou nos nossos jardins.

    Olá Agostinho…é um prazer degustar tão bela poesia…
    (ao que parece a arte de bom contador de contos é genético :)

    Um beijinho e obrigada pelas lindas palavras!

    ResponderEliminar
  17. lindo poema...
    senti-me criança novamente crescendo asas!!!

    FELIZ DIA DO AMIGO!!!

    bjinhus...

    ResponderEliminar
  18. AC
    Estes momentos (70.000)acontecem porque há gente linda como tu...

    um beijão

    ResponderEliminar
  19. Agradeço a visita que fez ao meu blog. Fui eu que fiquei a ganhar!
    Passei algum tempo passeando no seu e gostei muito do que vi: a poesia, os contos, os apontamentos, as imagens.
    Difícil resistir!

    ResponderEliminar
  20. poema com gosto de colo, regaço de infáncia...embalou-me.

    um beijo

    ResponderEliminar
  21. Olá AC,como vai? Seu poema é belíssimo! E emocionante. Raízes e asas são belos presentes que ganhamos ao longo da vida. Você não imagina a linda cena que visualizei ao ler seu poema. Meus parabéns e obrigada por esse momento.
    Um beijo amigo.

    ResponderEliminar
  22. quando o nosso tempo é o do encantamento...

    "ela era a minha borboleta".

    abraço!

    ResponderEliminar
  23. Vim me inspirar, captar esta energia que aqui encontro sempre.

    BeijooO*

    ResponderEliminar
  24. Nesta brisa de palavras respira-se a afirmação dos sentidos, cenas visualizadas na imaginação...

    ResponderEliminar
  25. adorei o blog
    parabens
    já estou a seguir
    beijão

    ResponderEliminar
  26. Belo blog, bela postagem...

    Excelente trabalho!!!

    Fiquei feliz em conhecer...

    Veja:

    http://mailsonfurtado.com

    ResponderEliminar
  27. Dias assim são para sempre , não é?

    Beijos

    ResponderEliminar
  28. Olá, AC.

    Não sei explicar ao certo em que momento do seu poema me fez viajar no tempo... me lembrei da minha infância, quando a minha mãe me levava pro quintal, no meio das árvores, e contava estórias para eu dormir. Que sensação única eu tive agora...

    Maravilhoso o seu poema.

    Abraço,
    Patrícia Lara

    ResponderEliminar
  29. A ternura das memórias feita poema ! Belo !

    ResponderEliminar
  30. "O crescer das minhas asas
    E eu sentia
    Maravilhado
    O vigor do teu voar."

    O voar sem medo, sem medo de saber onde vai chegar!!!

    Lindos versos!!

    Abraços

    ResponderEliminar
  31. Ah, rapaz...

    eu senti a brisa, eu senti as folhas, eu ajudei de longe - só em pensamento - a te alar cantiga.

    Bonito demais esse acalento.

    Beijo grande

    ResponderEliminar
  32. Se resta alguma coisa de mais belo pra se ler hoje, ainda não encontrei e embora a manhã esteja s[o começando, nem vou tentar procurar.
    Seria em vão...

    ResponderEliminar
  33. Se eu pedisse suas asas, somente para regressar e encostar em teu ninho... Ah se tão somente asas eu tivesse voltaria para aquele doce colinho!
    Obrigada E bom final de semana...
    Belo poema!

    ResponderEliminar
  34. Todas as coisas têm o seu mistério, e a poesia é o mistério de todas as coisas.

    (Frederico Garcia Lorca)


    Feliz dia!!Saudações poéticas M@ria

    ResponderEliminar
  35. Tuas asas foram criadas em colo quente. Necessário para não voares em caminhos que não sejam lindos como este.

    Grata pelas palavras carinhosas

    Beijo meu

    ResponderEliminar
  36. Verifico que é muito lido e bastante comentado. Parabéns!
    Este poema leva-nos a desenhar e por que não filmar um momento tão agradável como é o que retrata minuciosamente nesse espaço paradisíaco.

    «Nas asas da minha mente
    Esvoaço pelo horizonte
    No infinito sem fim...»

    in Nas Asas da minha Mente
    Isabel Montez
    http://isabelmontes-poemas.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  37. Toda lembrança têm asas que nos levam aonde queremos estar, no reviver de instantes preciosos que até então guardávamos na memória , pq recordar é viver, e viver com outros olhos, um outro jeito de ser, e coração diferenciado pra sentir. As lembranças têm asas nos levam longe e tb nos trazem pra mais perto de nós.

    Um beijo ao menino.

    ERikah

    ResponderEliminar
  38. Caro AC, digo-te que as minhas asas vão sendo tecidas, quando leio tuas palavras sempre tão lindas ...sempre...
    Obrigada !
    Abraço imenso!

    ResponderEliminar
  39. Memórias de menina... em cada palavra, recordações do vigor das asas que me ensinaram a voar.

    Um beijinho :)

    ResponderEliminar
  40. AC

    se as asas do teu cantar
    esvoaçassem devagar

    seria o potrinho a sonhar
    ou o ribeiro a correr
    ou o murmúrio do vento
    baixinho sem eu saber

    um abraço

    Manuela

    ResponderEliminar
  41. Lindo, e eu voei nas tuas linhas, muito lindo o poema...

    ResponderEliminar
  42. querido AC,
    obrigada pelo carinho...
    lindo poema!
    nos leva a uma linda recordação voei longe com ela pela sua suavidade..
    lindo dia com bjos.

    ResponderEliminar
  43. Delicadezas: imagens e poemas compõem rendilhados de sonhos e desejos,aqui... Abraços alados!

    ResponderEliminar
  44. A DESCRIÇÃO REMETE AO TEMPO DA INOCÊNCIA...DA INFANCIA...AO TEMPO EM QUE UMA CRIANÇA SE SENTE PROTEGIDA...PORQUE ALGUÉM QUE SE SENTA A SEU LADO E LHE CONTA HISTÓRIA DE ENCANTAR...UM POEMA DELICIOSO ...

    PODE SER A MÃE,PODE SER UMA AMIGUINHA,UMA NAMORADINHA,UMA TIA...

    UM BEIJO

    ResponderEliminar