quarta-feira, 28 de julho de 2010

THE DARK SIDE

.Ariane Daniela Cole, Verticalidades V e VI

.
............Um poema é uma história com mil janelas abertas
............AC
.
.
O alvor era plúmbeo
E a multidão
Em reserva vigiada
Iniciava a jornada
Na dependência
Dos dias banais
(Manequins de uniforme
Em cinzentos rituais)
.
Evitava a receita
E vagueava
Por entre a carneirada
Negando o cenário medonho
E enfrentava a dor
Ansiando esboço de cor
Alimento do seu sonho
Procurava a claridade
Que promovia o abraço
E encarnava a cotovia
Na inglória melodia
De alcançar o último raio
Olvidando o cansaço
.
Depois de detectada
A ovelha perdida
Foi-lhe diagnosticada
Reacção química desajustada
E o laboratório
Em receita eficaz
Apagou a ideia
Do perigoso purgatório
E a alma penada
Em código testado
Foi programada
No eficaz bem-estar
Do mundo formatado
(A ovelha
Sem alma
Sorriu)
.
.
.
.

39 comentários:

  1. AC...
    profundo,lindo, mas tão triste que eu diria que há mil e uma janelas. Nesta última a ovelha chorou...

    Beijo

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  2. lindo... e triste :)
    Mas fico sempre contente quando me apercebo que há texto novo para ler e puxar pelos neurónios):
    adoro ler o que escreve por isso mesmo. Continue.
    Obrigada.

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  3. As metáforas tuas são bem interessantes, há um misto de ironia, sarcasmo, ou algo mais... gostei do estilo da escrita... Abro-te as janelas, e que ao final as ovelhas sempre sorriam, bj!

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  4. "E o laboratório
    Em receita eficaz
    Apagou a ideia
    Do perigoso purgatório
    E a alma penada"
    Muito triste, mas ao mesmo tempo lindo demais, parabéns.
    Abraços forte

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  5. catasfrófico, mas no final a gente ri! :)

    beijos

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  6. E se depois de programados , não sorrirmos , a factura a pagar é bastante elevada .

    Gostei muito do poema .


    Beijo

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  7. AC,

    Cheguei atrasada, mas enfim... Cada vez se me torna mais difícil comentar, mas espero que me desculpe quando a alma se retira em silêncio comovido.

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  8. Pobres almas, só podem murchar mesmo, um mundo formatado não abriga mais...
    Muito profundo, lindo mesmo teu poema.
    Beijos

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  9. ... e aparecerão outras ovelhas.


    Ainda bem!


    Beijos

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  10. Olá, vim convida-lo a passar no meu espaço e ler:
    A cura da lepra, os sete mergulhos de Naamã, a salvação veio por se humilhar; Deus ainda é o mesmo de ontem, é hoje e será amanhã.
    postado por VALVESTA em Hanukká - http://hanukkalado.blogspot.com/ visite e deixe seu comentário, o Pai tem sempre um abraço pra você. beijos no teu coração com carinho, Valquíria calado.

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  11. Olá, vim convida-lo a passar no meu espaço e ler:
    A cura da lepra, os sete mergulhos de Naamã, a salvação veio por se humilhar; Deus ainda é o mesmo de ontem, é hoje e será amanhã.
    postado por VALVESTA em Hanukká - http://hanukkalado.blogspot.com/ visite e deixe seu comentário, o Pai tem sempre um abraço pra você. beijos no teu coração com carinho, Valquíria calado.

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  12. A dualidade ambígua ...Metáfora que leva a muitas interpretações , o importante é que no vagar da vida esta ovelha perdida , mesmo com a "alma murcha" tem a chance de "inflar" novamente .O através ...depende de cada uma ovelha .A-D-O-R-E-I seu estilo de poetar. Abraços.

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  13. As ovelhas sempre me arrancam sorrisos... Se não fosse por elas eu não sobreviveria ao cinza.

    Beijoca

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  14. Ótimo texto!
    Gostei muito, dear!

    Abraço...

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  15. "Um poema é uma história com mil janelas abertas"
    sem dúvida! :-)
    AC, gostei muito do seu espaço, voltarei!

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  16. Agostinho!
    Tal como já me habituaste, mais um poema belo, profundo, inquietante. Estamos num Mundo onde a "carneirada" é cada vez mais numerosa. Vai atrás da que vai à frente, independentemente do destino. Valem-nos as ovelhas desgarradas para poderem dizer que o caminho não é por aí.
    Abraço amigo.
    Caldeira

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  17. E as mil janelas abertas permitem mil interpretações... que nem sempre vão ao encontro do pensamento do poeta.
    Mas aí reside a grande beleza da poesia: o permitir divagar sem querer chegar a qualquer conclusão lógica.
    Adorei este poema que considero de grande profundidade.
    Beijinhos

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  18. Amigo, ainda bem que reformulaste o poema, ficou muito melhor. Não desaparece é aquela estranha sensação de fazer mééééé!

    Abraço

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  19. Se me é permitido...

    :) Não resisto ao comentário anterior, porque li na altura e volto a ler agora "estranha sensação de fazer mééééé!" :)

    Beijo :)

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  20. Que incrível, condenado para sempre à viver na escuridão, me lembrou até a história do livro "1984".

    BeijooO

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  21. Parabéns, AC.
    Adorei:vieram-me mil imagens à cabeça até porque sempre fui a ou uma ovelhs negra no rebanho :D
    beijo

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  22. Visionário este seu poema.
    Há tantos "carneiros" assim .
    Vou de férias, mas até regressar, desejo-lhe muita saúde e inspiração.

    Beijinhos

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  23. Acho que o meu sorriso ficou "amarelo", mais
    aproximado de uma vertigem de lágrimas!, se é que
    me faço entender...!?

    Beijo

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  24. Uma luz sempre permanece...
    Um grito de liberdade...

    Metáforas boas de se ler e traduzir...


    Belo Poema!
    Beijo

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  25. "Um poema é uma história com mil janelas abertas"

    Absolutamente! Neste texto abriram-se quase tantas quanto isso. É uma história de muitas interpretaçãos. O sonho de uns, é o pesadelo de outros. Além disso, estamos na era do 'format'.

    Bjs

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  26. AC

    Gosto das histórias com mil janelas abertas, tanto quanto gosto de múltiplos olhares, pela mesma janela. Gosto de poesia porque é tudo isso e mais além ainda.
    Do poema, da história e desta janela, gosto particularmente das ovelhas perdidas, que mesmo sem alma conseguem sorrir.

    Um abraço

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  27. O texto lembrou-me Rousseau e ainda a personagem Carlos das "Viagens na Minha Terra": a teoria de que a sociedade nos aprisiona num colete de forças e,quando se apodera de nós a ânsia de fugirmos dela, logo vem ela com algemas de ferro para nos inibir a liberdade, deixando-nos prisioneiros para sempre ou fazendo de nós aleijões morais.
    Esta é a minha leitura."Vem por aqui"....

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  28. Acho que no exato momento em que você aderiu ao meu blog eu vi e entrei em seu blog. Passeamos juntos!

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  29. AC

    sei lá eu porque é que me lembrei de Matrix!

    mas ao ler o seu poema
    foi esse mundo paralelo que eu desenhei

    juntamente com milhões de pixéis !!

    e a ovelha assustada fugia para um outro filme

    quem sabe? o silêncio dos inocentes...

    este é o meu lado negro

    do seu
    gostei!

    um abraço

    Manuela

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  30. AC, meu querido, só posso agradecer o seu carinho de sempre. Tê-lo em meu blogue me deixa muito feliz!

    Eu adoro os seus poemas, porque sempre dizem além do que querem dizer. Vc escreve divinamente.

    Seu blogue é maravilhoso e eu também gosto muito de vir aqui.

    Beijo carinhoso,
    Patrícia Lara

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  31. Porque será que no fim as ovelhas sem alma sorriem? Excelente.
    Abraço

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  32. Ritmo e imagens marcantes nesses seus versos
    que extraem beleza e lirismo de uma triste constatação.

    Bjs, poeta, e inté!

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  33. É sempre uma viagem bela ler seus escritos!

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  34. Genial,AC! Nem precisei bater à porta. As janelas estavam abertas. Adorei!!! E eu ontem pensando em alimentar a alma... Deveria ter vindo aqui...[rs]
    Tenho medo de alma penada, AC.

    Posso colocar sua citação no meu blog?
    "Um poema é uma história com mil janelas abertas". (AC) Muito bom!!

    Parabéns, poeta!
    Beijo
    E.T. Obrigada pelo Pitágoras...não o "teorema".[rs]Verdadeira, a citação. Gostei mesmo!

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  35. AQUELA FRASE ...UM POEMA É EFECTIVAMENTE UMA HISTÓRIA DE MIL,DOIS MIL,TRÊS MIL...TANTAS MIL JANELAS...

    " MANEQUINS DE UNIFORME EM CINZENTOS RITUAIS"...

    "EVITAVA A RECEITA E VAGUEAVA POR ENTRE A CARNEIRADA"

    "ANSIANDO ESBOÇO DE COR

    ALIMENTO SO SEU SONHO"

    PROCURAVA A CLARIDADE"

    MAS A OVELHA PERDIDA(DIFERENTE) FOI DETECTADA

    E COMO CONVÉM DIGNOSTICADA UMA REACÇÃO QUÍMICA DESAJUSTADA...


    E A ALMA PENADA FOI PROGRAMDA MAS NO FIM SORRIU TRIUNFANTE...SAIU VENCEDORA...

    AGORA,EU ABRI QUAL JANELA?

    BEIJINHOS

    (BELO POEMA QUE FAZ PENSAR E PENSAR E PENSAR)

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  36. Há ovelhas que não se deixam formatar mas pacificas e pacificadoras se limitam a sorrir aos muros que tentam separá-las dos campos onde os "uniformes" não têm cabimento.

    É uma "leitura"...

    Obrigada

    Bjs

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