terça-feira, 6 de julho de 2010

ANGÚSTIA

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Hoje a noite chegou de braço dado com a angústia. Trazia Kafka em contra mão, em busca do fio à meada num tratado de economia. Não houve metamorfose, pois o monstro há muito deitara a cabeça de fora, mas sentiam-se as garras da masmorra do castelo, em dimensão global. O negro da fome irrompia como cenário, mas o processo ainda estava incompleto. Na sombra, expectante, a besta esperava pelo seu momento, pronta a devorar qualquer resquício de utopia.
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27 comentários:

  1. E a fome desta fera era de utopia... deixe-a morrer de fome,nenhum poeta pode perder sua razão de viver.bjos no teu grande coração.

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  2. Bom dia prezado amigo.
    Essas garras estão cada dia mais afiadas até que devorem aqueles que semeiam estas tempestades de fome e violência.
    Sinto como tu esses fios da meada da economia. Cortamos, esticamos e quanta ginástica para ver se nada falta, mas cada dia se torna mais difícil e quantos .... já nem conseguem o pão de cada dia e passam por nós em silêncio...........

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  3. Há dias assim. Apesar do Sol abrasador parece que a noite se torna mais plúmbea do que o costume e o coração aperta-se como o pardalito perdido de seus pais.
    Nós sabemos que o monstro anda à solta, pronto a atacar os mais indefesos. Mas, nos momentos de desânimo, é que se revelam as forças recônditas vindas, não se sabe de onde, que continuam a alimentar a utopia que se torna certeza de que, depois da tempestade, vem sempre a bonança.
    Abraço amigo e não deixes de ser utópico mesmo quando parece que o Mundo desaba sobre a tua cabeça.
    Caldeira

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  4. Há dias assim. Mesmo com o Sol radiante e abrasador, parece que carrega consigo a escuridão plúmbea que esmaga e entristece.
    O monstro há muito que anda à procura da presa e, em regra, descarrega a sua fúria sobre os mais débeis.
    Nestas ocasiões, o coração aperta-se como se fora um pardalito, recém-nascido, retirado do seu ninho de segurança.
    O Homem é o pior predador do seu semelhante e por isso a fome e a miséria alastra nos desfavorecidos da sorte, em contraste com o espavento e o despercío dos "crápulas" deste Mundo Cão.
    Apesar disso, é preciso ir buscar as forças recônditas que cada um esconde não se sabe bem onde, mas que existem, para lutar e não deixar morrer a utopia que carregamos no sonho de que amanhã será melhor.
    Abraço amigo
    Caldeira

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  5. impossivel saciar esta fome...

    PS: AC recebi seu comentario no meu email mas não o encontrei no blog..entao vou copiá-lo e postar novamente!

    bjinhus...

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  6. Amigo, devemos cantar a vida, mas é bom ter consciência da devastação que por aí vai. Obrigado por não me deixares esquecer isso.

    Abraço

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  7. Faz tempo que o «monstro deitou a cabeça de fora» pouco a pouco, ele foi crescendo...mostrou os tentáculos e estendeu-os esfaimados e avassaladores a uma «dimensão global»...só que a besta esfaimada tem um apetite especial: contorna os grandes pratos...e vai petiscando nos pobres acepipes...já de si, tão desguarnecidos de sustento...
    Beijinho V. e obrigada pelo carinho!

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  8. b.e.i.jo.


    saudoso. regressei. aqui.


    (piano)

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  9. Gostei "daqui"

    Obrigada pela leitura.

    Ana

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  10. Seus textos nunca permitem cometários, eles dizem tudo por si. Comento apenas para deixar claro o quanto me admiram suas letras.

    BeijooO*

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  11. Quero muito acreditar que o dia chegará de braço dado com a derrota desse monstro.
    Quero muito acreditar que essa espera expectante do monstro não seja eterna.
    Acredito que "como o processo ainda estava incompleto" possa dar-se a metamorfose e a besta encolha as suas garras.
    Riquíssimo o teu texto e podia ser explorado em múltiplos contextos.
    Dá que pensar, sem dúvida... (de preferência com a luz acesa! :)
    Surpreendente a diversidade textual que enriquece este espaço. Parabéns!!!

    Beijo

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  12. "Homem primata! Capitalismo selvagem! ÔÔÔ"

    E a utopia, cadê?

    Ótimo texto!

    Beijo, rapaz

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  13. impossível deixar morrer a utopia...senão resta-nos o nada e o vazio profundo

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  14. A angústia é esse monstro que nos aterroriza ou que nos faz - ela mesma - presas reclusas.
    Para além dos dramas econômicos, parece estar havendo uma crise de valores que subjaz a tudo.
    Texto conciso e repleto de significados.

    Abraços e grata pelas palavras no 'mundos-e-peles'.

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  15. Temo muitos monstros como esse, porque às vezes parece que nos devorarão. Ainda bem que ainda não conseguiram.
    Ainda bem que tua espada- a literatura- enche-me o peito de esperança.

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  16. Oi, AC.

    Seus textos são sempre intensos, com imagens fortes e metáforas lindíssimas!
    Parabéns pela inspiração.

    Grande abraço,
    Patrícia Lara

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  17. As vezes a angustia afia as garras e ultrpassa qualquer tratado noite ou dia...
    um abraço
    tulipa

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  18. a noite absoluta. sei delas. mas todas amanhecem... abraço!

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  19. Sonhar o sonho impossível,
    Sofrer a angústia implacável,
    Pisar onde os bravos não ousam,
    Reparar o mal irreparável,
    Amar um amor casto à distância,
    Enfrentar o inimigo invencível,
    Tentar quando as forças se esvaem,
    Alcançar a estrela inatingível:
    Essa é a minha busca.

    Dom Quixote

    um beijo grande querido AC

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  20. Um fosso abismal que cava angústia a cada cair da noite...

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  21. Escrever com Kafka no pensamento. Gostei, apesar da angústia !
    Um beijo.

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  22. Oi!
    Somente o tempo, e o pensar sobre as coisas que buscamos nos farão sorrir agora!
    Lindo texto!
    Obrigada pela visita!
    Bjs
    Ser Estranho Ser!

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  23. Monstros silensiosos não deixam de nos atormentar e causar angústia.
    Influências Kafkanianas?

    Beijinhos

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  24. DESCULPA-ME MAS VEJO AQUI A ACTUAL SITUAÇÃO DESGRAÇADA EM QUE SE VIVE...QUANTO MAIS LEIO MAIS SINTO ISSO...MAS DITO DESTA FORMA ...QUE SÓ TU SABES DIZER...UM BELO TEXTO POÉTICO COM UMA GRANDE FORÇA POR DENTRO...

    BEIJO

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  25. Haverá um dia, porque ele existe, em que a fera adormeçerá de cansaço e, nesse dia, pode até não haver um sol radioso, mas a utopia, se não a deixarmos morrer, brotará da penumbra para nos iluminar a vida!


    Um abraço, grato...

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  26. Curioso texto edificado sobre obras de Kafka... e muito apropriado no actual contexto colectivo. Eventualmente, noutros também, mais pessoais.
    A imagem que escolheu para reforçar as suas palavras/ideias é igualmente sui generis.
    Entretanto, todas as utopias são possíveis. Mas requerem trabalho, muito trabalho e muitas vezes geram cansaço e desânimo, mesmo aos espiritos mais preparados.
    Acima de tudo, são uma questão de tempo...


    "Poseidon estava sentado à sua escrivaninha e fazia contas. A administração de todas as águas dava-lhe um trabalho interminável". (F.Kafka)

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