sábado, 19 de junho de 2010

ATALHOS

.Imagem tirada daqui ..
.
.
Cheirava as marés
Em golpe de mão
E a sua razão
Forjada num só sentido
Era sentir o mundo
Caído a seus pés
Brilho de luzes
Parangonas impressas
Aplausos unânimes
Plateia rendida
Sem vagares nem pressas.
Mas tudo era escuro
Para lá do seu sonho
Terra queimada
Arrasada
Debaixo do tapete
Que iludia o medonho.
De tão obcecada
No brilho efémero
Nem reparava
Que a luz cegava
E ficava mais só
Em plena parada.
Para onde corres, se não vês a estrada?
.

..

29 comentários:

  1. Às vezes temos que correr às cegas...
    Belo poema!

    Abraço

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  2. Amigo, leio-te sempre com um enorme prazer.
    Este poema é actualíssimo e dá que pensar.
    Abraço

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  4. Não , não vemos ,por vezes , a estrada .
    Quando os aplausos da plateia rendida nos deixa cegos .
    E é de lamentar . Porque não só se perde o caminho , mas também , o mais importante , a simplicidade , único transporte para a sabedoria .

    Beijo ,
    Maria

    19 de Junho

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  5. Corremos atrás de ilusões, deixamo-nos cegar pelos brilhos do efémero. Por vezes somos levados pela espuma dos dias sem perceber o que realmente importa.

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  6. Para onde vais se não conheces caminho?
    Para onde caminhas se não vês a Luz?
    Qual o teu anseio?
    E que Objectivo?
    Quem te acompanha, ou segues sozinho?
    Tens aqui um companheiro de viagem com quem podes coloquiar. Sobre tudo e àcerca de nada. Sobre futilidades ou coisas essenciais ao caminhar.
    Para que servirá viver sem a Luz que ilumina o Caminho e sem o(a) companheiro(a) na viagem?
    Para que serve a viagem se ela nos conduzir a lado nenhum?
    Tenho confiança que há-de valer a pena ter caminhado. Ter percorrido caminhos nem sempre fáceis. Ter tido companheiros de viagem com quem valeu a pena caminhar. Nem à frente, nem atrás, mas ao lado.
    São estas pequenas coisas da vida e as grandes pessoas (poucas) que caminham ao nosso lado que nos fazem acreditar no Ser Humano e ter esperança de que valeu a pena.
    Abraço amigo
    Caldeira

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  7. por vezes vamos por trilhos e temos a estrada ali a nosso lado.

    gostei da mensagem que transmite o seu poema.

    um bom fim de semana!

    beij

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  8. AC:
    gostei do poema, mas quem se deixa assim ofuscar só pode mesmo cheirar as marés...nunca conseguirá entrar dentro delas porque se perde no brilho que o (a) ofusca.
    beijo

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  9. Quando leio, tento transpor a mensagem para o meu mundo. Às vezes é preciso enformá-la, criar variantes, para que se enquadre no nosso leque (no fundo tão limitado) de vivências pessoais.
    "Para onde corres, se não vês a estrada?" No dia em que perdermos a estrada, não saberemos sequer que deixámos de a enxergar e é isso o que mais temo.
    Um bom resto de fim de semana

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  10. Mesmo sem a estrada vislumbrar, as vezes temos de arriscar.

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  11. “Para onde corres, se não vês a estrada?”
    - Corro para cá do sonho, pôr atalhos e à pressa:
    … pinto cortinas para dar cor aos meus olhos, mas essa luz é lâmina cega no meu brilho. Então, apago as luzes e faço-me escuridão.
    … abro aromas de mil cheiros para envaidecer os meus devaneios, mas a fragrância dominante é senhora do meu corpo em mundos do ontem e amanhã. Então, cimento os odores e faço-me inolente.
    … liberto palavras para dar voz aos meus sentidos, mas o eco ainda sem regresso é forca que me espreita. Então, aprisiono cada letra e faço-me afónica.
    Nesta medonha correria abri caminho à Solidão.

    “Para onde corres, se não vês a estrada?”
    - Corro para lá do sonho, pelos ATALHOS que abrem caminho na estrada deste poema:
    E...
    Levanto o tapete
    Abraço a claridade
    Perfumo os caminhos
    Aplaudo as tuas palavras
    “sem vagares nem pressas”
    E por entre o cheiro das marés
    E a terra queimada
    Passeio-me pela estrada fora!

    Na simplicidade do teu poema, gostei de ”abrir caminho”, trazer o sonho de lá para cá, de cá para lá, correndo, “Nem à frente, nem atrás, mas ao lado.” (como diz o Zé Caldeira).
    Às vezes é necessário percorrer atalhos para valorizar a estrada!
    Lindíssimo, Agostinho!

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  12. A luz artificial
    e excessiva
    cega...de tal modo
    ela é imoderada
    que não permite
    visualizar a luz
    suave...
    que se esconde
    no horizonte
    e que o coração
    guarda
    como uma canção
    que brilha
    no escuro e
    ilumina a estrada...

    "Vizinho" descobrir a sua poesia
    e o seu talento para agrupar
    as palavras sensatas e plenas
    de harmonia e sabedoria, foi
    para mim uma alegria.
    Obrigado pelos cuidados com a joaninha...
    Bom Domingo e parabéns!

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  13. "... De tão obcecada/No brilho efémero/Nem reparava/Que a luz cegava/E ficava mais só/Em plena parada..."
    AC: interessante a reflexão que nos propõe (no feminino mas, penso eu, sem género!) sobre tanta sofreguidão que por vezes leva o ser humano a descuidar-se do seu caminho, preocupado em demasia com "as plateias, os aplausos ou apupos", mais do que com a autenticidade do seu percurso e... a seguir, a desorientação vence.
    Abraço (e obrigado pela sua visita e palavras deixadas no meu novo espaço de "contos")

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  14. Encontrei-te por aí e vim "cuscar", a porta encostada e eu empurrei!... "Interioridades", seduziu-me a palavra, relativo ao que "está dentro" de cada um, tão difícil de enxergar, tantas vezes. Mexeu comigo esse poema (linda a imagem que o complementa), tal como diz E.A., sempre que leio palavras de outros não consigo deixar de as interiorizar, e estas mexeram comigo, sim! Quantas vezes assumimos como verdade algo de alguém, que um outro alguém decidiu passar a palavra por montes de "alguéns", que mais não fazem que assumir de imediato como verdadeiro um boato que alguém lançou...
    Este teu poema é muito forte, mas... será que é isso mesmo, que são todas essas coisas horríveis que habitam o "Interior" de quem se fala?!
    Há que ter a sensibilidade de sair do mundo que nos quer alucinar e parar um pouco para entrar dentro de cada um e perceber o que está lá dentro! Há feridas e estragos incalculáveis que se infligem levianamente a pessoas que não merecem tal! Marcas que não se podem apagar e que muitas vezes arrasam a vida de alguém definitivamente, só porque existe um alguém que nos odeia!
    Perdoa o desabafo A.C.
    Abraço.

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  15. Pois existem marés k não podem mover-se.
    Pelo menos, assim suspeitamos.))));

    beijos, AC

    Luana

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  16. Mesmo sem ver a estrada, tenho que correr, procuro as férias...
    Bjs

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  17. "Para onde vais, se não vês a estrada?"

    Com calma ou sem ela, querendo ou não, há tanta maneira de dar um sentido ao seu poema, que como sempre, é sublime.
    Será sempre um prazer passar diariamente por aqui, porque adoro ler e acho que só peca, por não fazer o que há muito lhe pedi. Eu tenho feito, imprimo, e guardo, porque há momentos que preciso de ler as suas palavras, para não me zangar tanto com o mundo, com as maldades que me fazem, com a hipocrisia e falta de humildade do ser humano.
    Mas temos que continuar, mesmo não vendo a estrada! Por nós, e por aqueles a quem demos vida...

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  18. Às vezes sinto-me assim. Quero o aplauso e o reconhecimento, mas logo a seguir desejo o esquecimento. Às vezes penso que vejo a estrada, e logo a seguir percebo que não vejo nada.

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  19. DEIXAR-SE CEGAR PELAS LUZES ...PELOS APLAUSOS...PELA VAIDADE,PELO TAL BRILHO EFÉMERO ...E ÀS VEZES TÃO OBCECADOS POR UM LUGAR DIANTEIRO QUE NOS PERDEMOS NO CAMINHO E NEM SABEMOS QUE VAMOS DAR AO ABISMO...

    ADOREI O POEMA

    BEIJO

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  20. Grata pela visita e pelas palavras e pela força
    ;-)

    Boa Semana para ti

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  21. A ilusão e a realidade
    em oposição.
    Se não houver equilíbrio
    há o risco perdição.

    L.B.

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  22. Não ando... Firmo meus passos em caminhos, e um deles deixarei aqui!
    Volte mais vezes

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  23. Efectivamente!

    Se ao se vê o caminho

    para onde vamos?

    Saudações poéticas.

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  24. Bravo.
    Belo jogo de palavras.
    FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
    Saudações Educacionais !

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  25. Os seus atalhos lembraram-me o "Ensaio sobre a Cegueira" de Saramago, cujo filme passou na TVI, no dia do funeral do escritor.A cegueira dos homens leva-os a mergulhar nas trevas do egoísmo e da selvajaria, numa sôfrega ansiedade de sobreviver sem olhar aos meios para atingir os fins.E as trevam, em vez de depurarem aqualquer coisa de humano que possa existir, torna-os cada vez mais ferozes.
    A interrogação retórica com que fecha o poema tem um tom exortativo, cheio de ressonância moral que muito me agradou. É preciso acordar consciências.

    Um forte abraço, amigo. A palavra há-de chegar...Obrigada.

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  26. Quando a luz nos atrai qual borboleta, podemos ficar de tal modo ofuscados que não vemos para onde vamos.
    Nesse caso vale mais fazer uma pausa, meditar e medir... o caminho para onde estamos indo.

    Beijinhos de boa noite

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  27. Machuca-me constatar a minha verdade em tuas palavras poetizadas. Vc entrega-me à minha própria mesquinhez...
    beijo!
    poema lindo, AC!

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  28. Perfeito, AC...

    É esse o desencanto. Acreditar que fomos, quando não saimos do lugar.E, às vezes , nem é por desconhecer o caminho, mas por temê-lo.

    Bjs.

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