quinta-feira, 8 de julho de 2010

MERGULHO

.Fernando Legatti, Espíritos Vegetais
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A jornada já ia longa. Olhava para trás e via tudo muito bem arrumado, tão bem que não deixava margem para o erro. E era isso que o inquietava. As certezas. Procurava as pontas dos nós, mas não atava nem desatava.
Quando, em pleno bosque, parou para descansar, extenuado, finalmente baixou a guarda. E sentiu-se, por momentos, invadido por um respirar diferente, alheio ao plano traçado. Procurou-se, tentando entender, mas a sensação não estava catalogada.
Ousou olhar, ousou sentir...
Quando toda aquela energia o possuiu, sentiu-se regredir aos primórdios. E soltou o choro inicial.
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31 comentários:

  1. Vida louca vida. Vida breve. Já que eu não posso te levar. Quero que você me leve...

    BeijooO

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  2. Como é que você consegue falar tanto com tão pouco, AC?
    Esses seus textos sempre me colocam diante de mil perguntas, quase todas sem respostas.

    Certezas...de quê? de quem?

    A imagem casou-se divinamente com o texto.Lindos,ela e ele.

    Beijos.

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  3. As nossas vidas apressadas e em busca de pequenos nadas. Na selva onde vivemos e sobrevivemos existe uma paragem para reabastecer os pulmões e esquecer a jornada - tempo para sonhar.
    Um texto interessante.

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  4. Ás vezes é no choro inicial que reside a descoberta. Pode ser assustador, mas mais assustador será prosseguir, depois de descansar, a pensar que somos o que não somos e que sentimos o que não sentimos.

    Um beijinho e agradeço-lhe uma vez mais as palavras que me deixou. Foram sem dúvida muito importantes, além de belas e oportunas. Muito obrigada!

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  5. As certezas são um passo perigoso, porque é o princípio da acomodação e do retrocesso.
    Ousar olhar ousar sentir é fundamental para evitar o choro e o ranger de dentes, pelo tempo perdido.
    Amigo, é na dúvida que se cresce e se engrandece. Vamos lá ter dúvidas sem culpa.
    Abraço amigo
    Caldeira

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  6. Voltar aos primórdios. Soltar o choro inicial. Isso é uma espécie de regresso às origens para tudo perceber? Para perceber a harmonia das coisas?
    Amigo, tu pões-me doido a pensar em tudo isto. :)

    Abraço

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  7. Gosto de "mergulhar" no Interioridades...
    Neste MERGULHO...
    ...vejo o descer ao mais fundo de si mesmo e o ser capaz de olhar o que nem sempre é visível,o ser capaz de questionar as certezas, sem receio das incertezas;
    ... vejo a procura convicta a dar lugar ao comodismo e à fraqueza, ainda que de corpo extenuado;
    ... vejo a coragem na descoberta de novos sentimentos e principalmente a humildade no reconhecimento da verdade.
    O regresso à superfície, em águas lavadas e levadas pelas lágrimas, é o regresso ao início da jornada, uma de muitas, certamente.
    Bj

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  8. Estes textos são preenchidos por belas e intensas palavras, dificil comentar quase com medo de estragar.Linda imagem também.
    Bjs

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  9. Passei por aqui e mergulhei, adorei o mergulho, vou voltar para mergulhar.bjs

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  10. Um texto que se oferece à interpretação de cada um. Igual. Diferente. Como um quadro que segura o olhar ao mesmo tempo que o leva à evasão.

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  11. O percurso da mudança e o convite para o trilho da felicidade que, às vezes,não ousamos tentar.

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  12. um respirar diferente pode guardar toda uma nascente vida. "interioridades" é de uma beleza sensível. mundos bonitos, bonitos... um abraço!

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  13. há que nascer todos os dias, para que a essência da vida nos faça crescer!

    Gostei imenso da imagem!

    Abraço

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  14. as certeza e tudo muito programado deixam pouco espaço para a mudança. mas se por acaso se abre uma fresta, pode muito bem acontecer o quie tão bem aqui descreves:
    "Ousou olhar, ousou sentir...
    Quando toda aquela energia o possuiu, sentiu-se regredir aos primórdios. E soltou o choro inicial."
    beijo

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  15. O verdadeiro artista passa a vida em busca da perfeição.
    Quando se adquire a "certeza" de que tudo foi perfeito... surge a sensação do nada, e a necessidade do choro.

    Beijinhos

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  16. A MIM PARECE-ME O REGRESSO À INFÂNCIA...AO TAL CHORO INICIAL...PARAR E ENCONTRAR O FIO À MEADA...UMA REGRESSÃO?

    BEIJO

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  17. Conflitos pessoais, a certeza do passado existe? creio que não. Não gosto de certos planos traçados, prefiro ser livre.

    Bela reflexão

    Beijo meu

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  18. aiai...nem sempre temos certezas, acho que na maioria das vezes somos sempre incertezas...
    até onde vão as certezas?até quando viveremos nas incertezas? acho que são perguntas sem respostas!!!

    adorei o post e obrigada por esta sempre no esconderijo...

    bjinhus...

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  19. OS TEUS COMENTÁRIOS FAZEM TODO O SENTIDO...

    BONS MERGULHOS

    BEIJO

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  20. É ... só quando somos simples e inocentes como a quando do choro inicial , temos a sabedoria de perceber o que é verdadeiramente importante . E até fazer mudanças , se necessário .

    Bj

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  21. Um mergulho dentro de si mesmo, a aparente perda do "controle" para fazer contato com a própria alma.
    Adorei seu texto. Denso e objetivo. Perfeito.
    Beijos.

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  22. "Que abrem rasgões de luar...
    "Fonte, fonte, não me leves,
    "Não me leves para o mar!..."
    As correntezas da vida
    E os restos do meu amor
    Resvalam numa descida
    Como a da fonte e da flor...


    Bom FDS...Beijos perfumados!! M@ria

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  23. Eu me encantei por esse recanto de coisas lindas. (:

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  24. São as defesas, pelos medos, que criamos à nossa volta que muitas vezes não nos deixam "ver direito"...

    Beijo A.C.

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  25. A descoberta de nós mesmos buscamos na origem...
    onde tudo é nato em nós...sem «planos traçados»
    que por vezes nos limitam e oprimem...certezas acho que ninguém as tem e, por vezes, precisamos parar...e até chorar, para inspirar o ar puro da vida e decidirmos o rumo a seguir...
    Olá V...gostei muito...palavras profundas que são um convite à reflexão! Beijinhos!

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  26. Olá, estou de casa nova e espero sua visita, você me encontra agora no Rasuras

    BeijooO* te aguardo!

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  27. Linda, exótica,profunda
    essência real,
    da alma leal!


    Beijo...
    Nirma Regina

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  28. A inquietação das certezas e a necessidade de mergulhar ao mais básico dos reflexos, para aí nos encontrarmos de novo, como incógnitas infinitas.

    Beijinhos

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  29. Do meio dos soluços entrecortados, sorriu.

    Lindo!

    Beijoca

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  30. parabéns, tocante e mais do que verdadeiro!

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