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Imagem retirada daqui
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Aproveito uma pequena pausa da chuva e deambulo, lentamente, pela zona onde estão plantadas as ervilhas, espreitando sinais de algum crescimento. Sorrio com o que vejo. Aconchego a terra nalguns pontos, a recompor o que a água desfez, e remiro a geometria recomposta.
De súbito, lá de longe, chega-me o badalar do sino duma qualquer aldeia, pausado e triste, inequívoco som do dobrar a finados. E, tal o efeito da herança cultural, afloram-me, espontâneamente, alguns laivos de contrição, qual convite à meditação sobre a vida e a morte.
A chuva regressa, embora timidamente. Enquanto me dirijo para casa, não deixo de cogitar: numa zona do país - o interior - em constante desertificação, onde ocorrem, claramente, mais óbitos que nascimentos, não seria de bom tom os sinos repicarem, de alegria, cada vez que uma criança nascesse, qual eterno hino à esperança?
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Muito linda a foto e deu pra imaginar o som do sino tocando! Abraços,chica
ResponderEliminarO melhor é não pensar na vida e/ou na morte e apreciar alegremente o crescer das ervilhas, lol
ResponderEliminarBela foto.
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Saudação amiga
Cuide-se
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Boa tarde. A foto ficou maravilhoso e deu aquela vontade de ir nesse lugar maravilhoso.
ResponderEliminarAh, AC...agora fizeste com que as lágrimas me viessem aos olhos!
ResponderEliminarNum mundo cada vez mais cheio de pessoas cheias de pressa de chegar a lado nenhum, num atropelo sem sentido, ler alguém que medita e escreve, com a ternura posta na alma, é tão, mas tão gratificante...
Bem-hajas!
Um grande abraço, AC.
Janita
Sim se repicam pela morte deveriam repicar em dobro pelo nascimento de zonas tão envelhecidas.
ResponderEliminarPor aqui nascem imensas crianças e acho que os sinos não parariam:)
Abraço e uma boa noite
AC...desculpa, não consigo novamente comentar com a minha conta.
ResponderEliminarJanita
Esses repicar dos sinos sempre me encanitou.
ResponderEliminarAquele abraço
Ontem no meu poema, Cansaço, eu lembrei da gente do interior, maioritariamente idosa. Num mundo onde cada vez mais é um salve-se quem puder, em que o ter roubou o lugar do Ser, são os idosos, especialmente os do interior aqueles que mais sofrem.
ResponderEliminarComo quase sempre o seu texto emocionou-me
Abraço e saúde
Sim, o nosso interior não consegue oferecer oportunidades de vida. Por outro lado, quem tem oportunidade de pelo menos passar alguns dias do ano nestes locais, sabe a qualidade de vida que lhe é oferecida (mas não é isso que paga as contas, infelizmente)
ResponderEliminarQuanto aos "sinos", há a notificação da partida, mas não do nascimento, talvez pelos factos históricos/usos e costumes que a tal deram origem num passado sem tecnologias...
Mas, sim, concordo que a vida merece ser celebrada.
Abraço e parabéns pela qualidade do texto
Um lindo texto poético ao som dos sinos que escutei daqui...diante de uma imagem que remonta à memória ancestral.
ResponderEliminarUm abraço
Acho que essa tradição relacionada aos sinos vem de um tempo em que a morte era muito mais presente no quotidiano do que é hoje. Basta lembrar a quanto andava a mortalidade infantil ou a expectativa de vida no Medievo. Não estamos mais acostumados a isso, e fomos pegos de surpresa pela pandemia, colocando-nos diante de questões para as quais não temos resposta. Sim, seria bom ouvir o toque dos sinos em momentos de alegria, como os nascimentos. Seria um toque de esperança, talvez.
ResponderEliminarSempre que ouço sinos, o que é raro nas grandes cidades, eu me volto para a vida no interior e por esse significado triste, de despedida. Seu texto poético me sensibilizou e me encantou. Abraço.
ResponderEliminarBom dia, vim avisar que acaba de entrar teu céu por lá! Obrigadão! abraços, chica
ResponderEliminarhttps://ceuepalavras.blogspot.com/2021/02/blog-post_22.html